sexta-feira, 26 de agosto de 2011

"Passagem - Páscoa"


Os meus blogues
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Venho partilhar convosco este meu trabalho “Passagem – Páscoa” que vos apresento em duas partes; esta é a segunda parte e última.

Aqui ao leme sou mais do eu ...”

in “O Mostrengo” de Fernando PESSOA

CAP. II – O QUERER E A VONTADE
O memorandum exprime a necessidade de um querer verdadeiro. Para compreender este querer é necessário compreender que nós somos corpo, alma e espírito. A alma está relacionada com os sentidos, a criação, as sensações, a vontade. O espírito do Bem está relacionado com o raciocínio, o querer, o gerar, os afectos, os dons. O corpo é o receptáculo. “O Reino de Deus está em vós”(Lc.17,21) Compreender esta diferença entre vontade e querer é essencial para entrar em relação com Deus e Jesus Cristo, pois Ele é Espírito.
No século XVII François Fénelon, um padre francês escreveu o livro Progresso Espiritual onde nos ensina que para entrar na relação com Jesus Cristo, a vida do cristão tem de ser baseada no querer e não na vontade. Jesus Cristo toma em consideração as decisões e as escolhas do querer das pessoas como as escolhas e as decisões com consciência da própria pessoa. Não importa se a vontade diz o contrário ou não. Mais ainda, quando se usa este princípio a vontade anula-se sempre em favor do querer. Quando nos gera, Deus dá-nos o dom da vida e a liberdade de escolha e o Deus da Vida e Jesus Cristo não violam este princípio. Quando nos começamos a interessar mais por ser donos de nós próprios, trabalhar, trabalhar, trabalhar para ter isto ou aquilo, ... Deus deixa: “Queres? Preferes? Vai!” Mas “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa (corpo) e cearei com ele e ele coMigo.” (Ap.3,20) É assim: quando quisermos voltar, por muito mal que estejamos, Deus, Jesus Cristo vêm sempre a 100%, mas se e só se nós o quisermos a 100%. Não interessa fazer bem e fazer mal; para Deus e Jesus Cristo só interessa os que fazem só o bem, a 100%. Caso contrário, nada feito!

“Dá a Deus pouco quem não lhe dá tudo
Luíza Andaluz

Somos nós que temos de abrir a porta do nosso coração e convidar Jesus Cristo e o Deus da Vida a vir morar nele.
Antes de vivermos a tal experiência dramática de fé possivelmente teríamos decidido que pertencíamos a nós mesmos; que só nós tínhamos a ver com as decisões que tomássemos. Já que Deus nos tinha dado a inteligência, nós tomávamos as decisões da nossa vida por nós próprios – carreira profissional, com quem casar, onde morar, como educar os filhos; mas é precisamente aqui que “... somos cegos querendo guiar outros cegos.” (S. Mateus 15,14) Então começamos a encarar becos sem saída e, primeiro ficamos surpreendidos, depois vacilantes, cansados de bater a tantas portas e não encontrar a saída e então surge Deus e Jesus Cristo e é ou a Ele a 100% ou a morte. No entanto, de certeza que Deus já sabe qual o resultado e sabe que vale a pena, apesar do indivíduo só no fim reconhecer que tudo valeu a pena e que o ganho foi completo.
A nossa alma do corpo natural (porque quando pessoas novas da Nova Criação recebemos a alma celeste) transmite-nos as sensações e a vontade está ligada a ela. O português é uma das poucas línguas que nos transmite exactamente esta diferença entre a vontade e o querer. Os estrangeiros têm dificuldade em compreender a diferença entre “Apetece-me sair” e “Quero sair”. Por isso a alma pode perder-se porque pode inclinar-se para o pecado (egoísmo, orgulho, preconceitos, avareza, vícios, ira, gula, inveja, preguiça). É o querer, o espírito que dá a coragem, força à alma para que ela consiga respeitar os mandamentos e ganhar a Vida. É uma luta muito dura, mas se a alma sair vencedora (não for condenada) Jesus Cristo abrir-lhe-á a Porta e ela passará a viver sob a Sua guarda. “Eu sou a Porta. Se alguém entrar por Mim (através de Mim, por meio de Mim, se Me escolher) estará salvo. Eu vim para que tenham Vida e a tenham em abundância.” (S. João 10,9)
Cada alma assume o nome que o ser humano recebeu, pois ela foi feita exactamente para essa pessoa. Toda ela é um depósito, registo de tudo o que fazemos ao nosso corpo e outros fazem ao nosso corpo, pois o que fazem ao corpo físico que vêem estão na verdade também a fazê-lo ao corpo celeste que não vêem. Assim nada pode ser escondido de Deus e a Eles (Senhor da Vida e Jesus Cristo) prestaremos contas do que fizemos ao corpo que Ele, com tanto Amor nos concedeu.
Aquilo a que chamamos memória na verdade é o Conhecimento – dom e capacidade de conhecer e conhecimento básico para compreendermos o que está na nossa especialidade e O potenciarmos. É-nos dado antes de nascermos; pode-nos ser retirado e se for caso disso, dado novamente. Todo aquele que é da Vida acredita, sem necessidade de explicações porque ele(a) tem a fé e só a ele(a) vale a pena transmitir estas coisas, pois nós somos do Deus da Vida e da Justiça e de Jesus Cristo e muito felizes por sê-lo.
O espírito do Espírito Universal é o oposto de Deus e é anti-matéria e tem a ver com o conhecimento como donos da verdade e a razão e tem como consequência a ausência da aura e a falta da fé e Deus, o Espírito que é Santo tem a ver com os afectos positivos, enquanto que a vontade tem a ver com os sentimentos fortes, negativos: paixões, ciúme. A Terra é o planeta dos afectos: na Terra – sentimentos fortes; na parte superior da Terra – afectos positivos.
A cada um de nós é dado um tempo de permanência na Terra e podem ser dadas mais de uma tarefa. Quando a primeira tarefa é cumprida e ainda tem tempo disponível e possibilidades de desempenhar mais tarefas, continuará a desempenhá-las até ao fim do seu tempo. Se não cumpriu a primeira tarefa e não tem possibilidades de desempenhar mais tarefas, deixará de habitar a Terra por doença provocada pelo próprio ou por acidente, com Vida com Afectos ou sem Vida. Quando se passa das Trevas para a Vida com Afectos Bons ou se parte para o Pai ou Jesus Cristo ou se fica na Terra, a alma passa por um julgamento sumário na presença do Senhor da Vida e da Justiça e de Jesus Cristo e o Senhor da Vida e da Justiça pergunta a todos os seres quem tem o quê contra aquela pessoa. Depois toda a sua vida passa pela sua mente; mais lenta ou mais rápida de acordo com as queixas apresentadas. Tudo é examinado e verificado. Depois Deus dita a sentença. Este é um julgamento sumário. No fim de cada período celeste todos os que têm contas para acertar e querem uma oportunidade, nascerão de novo e todos aqueles com quem tiveram problemas também nascerão, mas todos com uma identidade semelhante à da pessoa a quem não conseguiram perdoar, não conseguiram relacionar-se. Aquele que não conseguiu perdoar, irá situar-se na posição do outro e este na posição do queixoso. Será que ele conseguirá ter para com aquele de quem se queixou capacidade para agir como ele queria que o outro agisse para com ele? Aliás esta situação acontece mesmo durante a nossa existência. Quantas pessoas criticaram, caluniaram, difamaram outra pessoa porque agiu desta maneira e não de uma maneira altruísta. Mais tarde, perante a mesma situação com outra pessoa, como é que esta pessoa vai agir? Pelos exemplos que temos, age exactamente da mesma maneira que a outra a quem criticou ou não perdoou ou ainda pior. No fim haverá o julgamento da mesma maneira com Jesus Cristo e Deus e a sentença será definitiva.
O ser humano, sem Deus não consegue superar(-se). Mas com consciência do caminho a seguir através da Palavra de Deus transmitida por Jesus Cristo e pelos profetas e com toda a humildade, pedindo sempre ajuda e apoio a Jesus Cristo e com a intercessão de Maria conseguirá, mas só assim. Os seres das trevas estão atentos e é sua vontade que nenhum ser humano escape, mas só a sua espécie e portanto que todos os corpos materiais sejam por eles tomados, isto é, que o corpo celeste seja destruído e substituído pelos seus. “O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir.” (Jo.10,10) – ladrão = ser das trevas = morte. △


Os amigos são perigosos,
não tanto pelo que nos obrigam a fazer,
mas pelo que nos impedem de fazer.”
IBSEN

CAP.III – O QUERER

Para superar-se cada um de nós deve ter consciência de que as nossas emoções muitas vezes nos enganam dolorosamente e temos pouco controlo sobre elas. Jesus Cristo sabe que as emoções não se controlam e apresentam padrões enganadores. Que fazer?
Simplesmente tomar consciência de que as emoções não são o nosso verdadeiro eu. A força motivadora que é o cerne do nosso ser físico é o nosso querer. Querer é o poder do consciente que decide a acção. É o querer que nos governa; é o querer que despoleta todas as nossas acções. Perante Jesus Cristo e Deus, nós respondemos pelo leque de atitudes, comportamentos e acções baseados no nosso querer. Assim ou o nosso querer é egocêntrico ou é o querer de Deus. Por conseguinte, se as nossas intenções são boas (correctas); confiemo-las a Jesus Cristo para que Ele as faça acontecer, se também for esse o Seu querer.
A partir do momento em que tomamos a decisão de colocar o destino das nossas vidas nas mãos de Jesus Cristo, confiando n'Ele; Ele toma controlo sobre as nossas emoções e é o querer que toma controlo sobre nós e deixamos de ser influenciados pelo tempo ou pela disposição das pessoas que nos cercam porque Ele consegue para nós, mas nós sozinhos não. Por exemplo Catherine Marshall afirma-nos (p.74) “há pessoas com quem temos mais dificuldade em lidar; temos reservas, guardamos ressentimentos. Então podemos pedir: – Jesus Cristo, a vingança, a ira são pecado e não os quero dentro de mim. Jesus Cristo, ensinaste-nos a perdoar. Eu tenho tentado, mas não consigo. Agora ponho nas Tuas mãos todos os meus ressentimentos, amarguras. Peço-Te, Senhor Jesus Cristo, para expulsar de mim estas emoções para que eu seja capaz de aceitar toda a gente, incluindo os meus inimigos. Ajuda-me! Não nos preocupamos mais com este assunto e verificaremos passado algum tempo que aquela pessoa já não nos consegue irritar, perturbar, desestabilizar. Já conseguimos ter com ela uma relação normal como com qualquer das outras pessoas.
Assim, por exemplo, amar é uma emoção e portanto não se pode controlar, mas podemos controlar o nosso querer. Se dermos ao nosso querer o caminho correcto, as emoções também seguirão esse caminho porque o querer tem o papel principal e as emoções o papel secundário. Só quando o nosso querer é fraco ou inexistente é que as emoções tomam o controlo do consciente. O nosso querer é forte se vier de Jesus Cristo e de Deus, pois Eles são a Fonte. “Pois é Deus quem, segundo o Seu desígnio, opera em vós o querer e o agir.”(Fil 2,13) Isto significa que se o nosso querer for o querer de Jesus Cristo e de Deus, Eles operarão em nós uma tal mudança que os Seus Planos e querer serão para nós uma grande alegria realizá-los. O querer de Jesus Cristo fica escrito nos nossos corações cada vez que usamos o princípio do querer em cada situação difícil que encontramos na vida. Jesus Cristo não nos ensinou o impossível de concretizar e não nos pede o impossível.
A PERSONALIDADE CENTRADA NA VONTADE (egocêntrica)1

  • Faz apenas a sua vontade, o seu querer;
  • Procura o sucesso pessoal;
  • Preocupa-se com o que os outros pensam de si;
  • Anseia pela admiração e popularidade;
  • É uma personalidade rígida onde conta apenas a própria opinião;
  • Não suporta críticas;
  • Deseja o poder sobre os outros; utiliza os outros para atingir os seus próprios objectivos;
  • Procura sempre a facilidade e é muito indulgente para consigo própria;
  • É de suprema importância a sua autopreservação;
  • Tenta ser autossuficiente; é ateísta prático pois acha que não precisa de Deus na sua vida;
  • Acha que a vida, a sociedade, os outros lhe devem sempre alguma coisa que tem direito de exigir ou obter;
  • É supersensível ficando facilmente magoado, acumulando ressentimentos e desejos de vingança;
  • Entra em depressão facilmente devido aos problemas e desilusões da vida;
  • Pensa que os bens materiais lhe dão segurança;
  • Sente pena de si próprio quando a vida lhe corre mal;
  • Precisa de ser elogiado e reconhecido por cada uma das suas boas acções;
  • É tolerante, até cego com os seus próprios pecados e bastante exigente com os outros;
  • Afasta-se sempre de responsabilidades que lhe possam trazer problemas;
  • Gosta de quem gosta dele. ¤

A PERSONALIDADE CRISTOCÊNTRICA

  • Faz o querer de Deus e de Jesus Cristo;
  • É humilde por natureza;
  • Está cada vez mais livre da necessidade de ser admirado e querido pelos outros;
  • É flexível;
  • Aceita as críticas com objectividade tirando benefícios das mesmas;
  • Procura fazer o bem comum;
  • Afasta-se facilmente quando isso lhe é pedido, pois sabe que muitos confortos do ego devem ser abandonados;
  • Está consciente de que é necessário perder a vida para a ganhar;
  • Tem plena consciência de quanto precisa de Deus ao cuidado de Jesus Cristo e de Maria (do Céu) no seu dia-a-dia;
  • Compreende que a Vida não lhe deve nada;
  • Perdoa prontamente os outros;
  • Tem capacidade para ultrapassar os problemas e usa-os criativamente; isto é, sabe encontrar o lado positivo dos mesmos;
  • Sabe que a segurança está na relação que mantiver com Jesus Cristo e Deus e não com as coisas;
  • Tem resiliência objectiva quando a vida corre mal;
  • Compreende o potencial de mal que o habita e põe-no nas mãos de Jesus Cristo; não lhe causa surpresa qualquer possibilidade de mal em si ou nos outros;
  • Tem consciência que os conflitos entre o bem e o mal não lhe permitirão viver em paz;
  • Consegue gostar do desagradável; tem o sentido de unidade com Deus e Jesus Cristo através de toda a humanidade. ⌂

Já não sou eu que vivo;
é Jesus Cristo que vive em mim.”
Carta de S. Paulo aos Gálatas 2,20









CAP.IV – TER FÉ

O nosso querer em Deus e Jesus Cristo traz-nos a fé. No nosso dia-a-dia usamos a fé (menor) muitas vezes com pouca prova ou nenhuma; por exemplo quando viajamos de avião confiamos no piloto, nos mecânicos as nossas vidas e muitas vezes nem sabemos quem é. Sempre que se toma uma refeição num restaurante confiamos no cozinheiro e ajudantes sem sabermos sequer quem são; confiamos tanto na forma de preparar como na qualidade dos alimentos.
Quando se faz uma operação confia-se totalmente em anestesistas que não conhecemos e muitas vezes em cirurgiões dos quais pouco ou nada se sabe. Aceita-se a receita do médico e a sua prescrição também com base na fé e na farmácia confiamos plenamente no farmacêutico que nos avia a receita. Se houver um engano, podemos morrer.
Já que somos capazes de ter fé em tantas pessoas sem a qual seria impossível muitas vezes sobreviver; então porque parece estranho ter fé em Deus?
Só se pode ser cristão pela fé como a criança só se desenvolve harmoniosamente pela fé que tem nos seus pais. Tanto para a criança como para o cristão compreender e ter prova, vêm depois.

O Novo Testamento é claro ao afirmar que, quando, por alguma razão, não agimos com fé então tanto a nossa actividade espiritual como física param completamente. “E Jesus Cristo disse à mulher: - A tua fé te salvou . Vai em paz!”(Lc 7,50). “Então tocou-lhes nos olhos dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. E os olhos abriram-se-lhes.” (Mt 9,29) “Se podes...? Tudo é possível a quem crê; disse-lhe Jesus Cristo.” (Mc 9,23) “Tudo quanto pedirdes com fé na oração, haveis de recebê-lo.” (Mt 21,22) Fé em Deus e em Jesus Cristo é simplesmente confiar em Deus, no Pai, em Jesus Cristo e no Espírito Santo de tal maneira que sejamos capazes de avançar na nossa caminhada para Jesus Cristo sem receio do desconhecido.
Catherine Marshall comunica-nos como a sua mãe a fez compreender a fé. (p.84/5) “Eu creio que Jesus Cristo e Seu Pai querem que vás para a Universidade porque Ele te deu a inteligência e tem todos os dons à Sua disposição. Acreditas nisto? Então toda a gente nasce com a fé em si. Muito do que nos acontece na vida depende do uso que fazemos da fé. Se a colocarmos em Jesus Cristo, então estás segura; se a colocamos na pobreza, no fracasso, no medo; então estamos a fazer mau uso dela. Agora lê Jo 5,14.15: “Mais tarde Jesus Cristo encontrou-o no templo e disse-lhe: Vê lá, ficaste curado. Não peques mais para que não te suceda coisa ainda pior. O homem foi-se embora e comunicou aos judeus que fora Jesus quem o tinha curado.” Jesus Cristo afirma-nos que sempre que Lhe pedirmos algo que é do Seu Querer, então Ele realiza o nosso pedido.”
O pedido concretizou-se e Catherine entrou para a universidade e concluiu o seu curso. A fé tem de estar presente antes do pedido. Jesus Cristo desafia-nos a colocar a nossa fé n’Ele e em Deus : “Saboreai e vede como o Senhor é bom. Feliz a pessoa que n’Ele se refugia.” (salmo 33,9)
A fé que Deus nos deu foi para ser usada, pois quanto mais usada, mais vitalidade e maturidade ganha. (p.91)

  1. não podemos confiar em Jesus Cristo sem termos algum conhecimento d’Ele. Para começar devemos ler a Sua Palavra e meditá-la. A Bíblia dá-nos a conhecer a natureza e o carácter de Jesus Cristo e de Seu Pai: o Seu poder, o Seu Amor misericordioso e fiel; a Sua sabedoria infinita.
  2. a fé ganha maturidade pelo bom uso que fazemos dela. Devemos usar a nossa fé para resolver os nossos problemas: pobreza, doenças, aflições, problemas profissionais, relações humanas problemáticas.
  3. a fé tem de ser do momento presente – agora. Uma vaga perspectiva do que queremos que nos venha a acontecer no futuro não é fé, mas esperança.
  4. usar de uma completa honestidade. Não podemos misturar fé com consciência pesada. A fé não actuará e o pedido não se concretizará.
  5. Só quando nos pomos nos braços de Jesus Cristo e temos boas obras feitas a nossa fé se fortalece e os nossos pedidos são atendidos. Sempre que Jesus Cristo ponha à prova a nossa fé nunca devemos duvidar de que Ele está connosco. Devemos deixá-l’O actuar e nós aguardar. Se, por nosso lado, também tentamos todos os meios para obter aquilo que pedimos a Jesus Cristo, então Ele abandona o nosso pedido. Ele leva o tempo que achar necessário. A nós só nos resta aguardar e demonstrar a nossa fé. S. Tiago afirma-nos: ”Assim também é a fé: se ela não tiver obras, é morta em si mesma.”(Tiago 2,17) e S. João acrescenta: “Quem crê no Filho tem em si mesmo o testemunho de Seu Pai. Quem não crê no Pai, faz de Jesus mentiroso...” (I Jo 5,10)

Peter Marshall, marido de Catherine Marshall, costumava dar o seguinte exemplo: (p.98)
“Suponha que uma criança parte um seu brinquedo. Ela traz o brinquedo ao pai dizendo que tentou, mas não conseguiu consertar. Ela pede ao pai para consertar o seu brinquedo. O pai com alegria concorda ... Pega no brinquedo ... e põe mãos à obra.
Claro que o pai consegue fazer o seu trabalho mais rapidamente e facilmente se a criança não interferir; mas ficar simplesmente a observar ou até ir fazer outra coisa e o pai ficar a consertar o brinquedo.
Mas o que fazem os cristãos em tal situação?
Geralmente damos imensos conselhos sem sentido e bastantes críticas estúpidas. Ficamos mesmo impacientes e tentamos ajudar e pôr assim as nossas mãos no trabalho de Jesus Cristo, geralmente atrapalhando ...
Por último, no nosso desespero somos até capazes de tirar o brinquedo das mãos do Pai dizendo amargamente que na verdade não acreditávamos que Ele o conseguisse consertar ... apenas Lhe demos uma oportunidade e Ele não foi capaz de responder às nossas expectativas!

Acreditar no quê?
Acreditar no Amor fiel e no bem-querer de Jesus Cristo e de Seu Pai, nas Suas capacidades para nos ajudarem, nos Seus desejos de nos ajudarem.

Qual é a solução de Jesus Cristo para o nosso dilema sobre o bem e o mal que existem em nós? Isto é, sobre a nossa necessidade de partilhar, de ser solidários, irmãos uns dos outros e ao mesmo tempo o desejo de sermos egoístas, ambiciosos, mimados, adulados? (p.189)
O evangelista S. Marcos diz-nos: “Na verdade quem quiser salvar a sua vida (do corpo material) há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de Mim e do Evangelho, há-de salvá-la (pois ganhará a Vida).(Mc 8,35) Portanto o único caminho para alcançar a Vida com Afectos Bons é o sofrimento. Há três mundos diferentes donde podem vir os nossos seres: o mar, a terra e o céu (saímos do mar para a terra e da terra para o céu – o nosso espírito) e os três têm noite e dia e estão sujeitos ao mesmo Deus.
Se a ideia de Jesus Cristo e Seu Pai viverem em nós nos assusta, talvez seja porque receamos perder a autoridade que pensamos ter sobre nós para ficarmos completamente dependentes de Jesus Cristo e de Deus. Não precisamos de ter medo disso. Na verdade, é precisamente quando o egoísmo e a vontade individuais vão tomando conta da sociedade que nos tornamos cópias uns dos outros. Quando o adolescente está a marcar a sua identidade tem horror a ser diferente dos seus amigos. Quando os adultos não estão interessados em agradar a Deus, estão interessados em agradar uns aos outros. Quando temos poucos recursos interiores, colocamos máscaras para esconder a nossa pobreza e todas as máscaras parecem feitas na mesma fábrica: a pessoa-organização, o senso-comum, tudo apoiado pela massificação da publicidade levada a todo o lado pela massificação dos meios de comunicação.
Sempre que nós trocamos o nosso egoísmo e vontade individuais pelo querer de Jesus Cristo, encontramos em nós mais força, mais qualidade de vida; por estranho paradoxo, tornamo-nos mais indivíduos, com personalidades mais únicas que nunca pensámos ser possível. Isto acontece porque trocámos a máscara pelo verdadeiro ser. C. S. Lewis no seu livro Beyond Personality2 escreve: “ Jesus Cristo diz: - Entrega-te inteiro. Eu não quero o teu dinheiro ou o teu trabalho: quero-te a ti. Na verdade, Eu dar-Me-ei a ti; o Meu querer será o teu querer.”
A aventura de viver só começa quando formos capazes de basear a nossa vida na fé em Jesus Cristo e em Seu Pai e Lhes pedirmos – para nós, para as nossas famílias, para os nossos problemas de saúde, para a nossa vida pessoal e profissional, para a humanidade a Sua infinita capacidade de Amar. No fim, acontecerá passagem para o Universo de Deus, para o mundo do Senhor Jesus Cristo e não destruição. ☼♥
Lagos (S. Sebastião), 06 de Abril de 2001
Trabalho actualizado em Abril de 2004.
Trabalho actualizado em Julho de 2011.





  • Nova Bíblia dos capuchinhos – para o terceiro milénio da encarnação, Difusora Bíblica, 1ª edição, Fátima, Novembro de 1998.
  • Marshall Catherine, Beyond ourselves, Avon Books, 20th printing, USA, October 1971.
  • Lewis C. S., Beyond personality, The Macmillan Company, New York, 1947.
1 Ibidem p.191/2
2 C. S. Lewis, Beyond Personality, New York, The Macmillan Company, 1947, p.40

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

"A Passagem - Páscoa"


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Maria de Portugal

















Lagos, Fevereiro de 2001


Ao meu pai
que faleceu a 05-07-2011
com 81 anos de idade
e deixa muitas saudades.
Fez-se o que se pôde e o que foi possível,
mas fica sempre tanto por fazer e por dizer!



Ser livre é saber o que se arrisca
e escolher claramente, quando necessário,
esse mesmo caminho.

Martin GRAY in «La Vie Renaitra de la Nuit»












INTRODUÇÃO
Nos anos quarenta uma jovem escreveu no seu diário algo tão actual como: “As pessoas barafustam, esforçam-se e apressam-se. As suas principais preocupações são materiais. Quando o corpo perde a Vida aparentemente tudo acaba. Enfim para que habitamos a Terra? Deve haver algum objectivo na nossa existência cá na Terra, mas ainda não a encontrei.
Toda a minha vida sempre tive vontade de viajar para encontrar esse objectivo talvez noutras culturas. Agora sei que o problema está em mim e eu não posso fugir-lhe. Sinto-me inquieta e infeliz.”

Um finalista universitário afirma numa conversa com amigos: “Agora que sou adulto, passo bastante tempo a tentar perceber o que é a Vida e para que serve. Não é engraçado que nos esclareçam tão pouco sobre este assunto na universidade?”

Há dias num encontro de Poesia para adolescentes do ensino secundário uma das animadoras lançava-lhes esta pergunta: “Os jovens estão mais vocacionados para o SER ou para o TER?” De entre a assistência um deles pegou no microfone e sem hesitação disse: “Para o TER.” Ninguém defendeu a outra alternativa. À saída uma entrevistadora de um dos canais de televisão perguntou a um deles ao acaso: “Qual o tema principal das vossas conversas?” Sem hesitar e com um sorriso de satisfação respondeu: “O sexo”.

Vivemos a filosofia do materialismo, do ver para crer.
Os anúncios publicitários todos os dias nos bombardeiam com “A felicidade é ... (acumular coisas)” e tudo o que dizemos ou fazemos põe em evidência que somos um grande grupo de grandes consumidores. Cada qual fazendo por ter mais até não haver mais nada para agarrar e sempre com uma desculpa. É o egoísmo a dominar tudo e todos e por muito que tenha, a insatisfação é sempre crescente. Como encontrar a felicidade, a paz?

Ditaduras não o conseguiram; guerras também não. As armas nucleares trouxeram-nos o medo da destruição completa da vida na Terra. Então que fazer?

Há quem poupe para ir viver ou morrer no espaço nalguma estação orbital; por mim, acho que a solução está na transformação interior do ser humano.
Sabemos tanto sobre tudo o que nos cerca e tão pouco sobre nós mesmos. Primeiro temos de aceitar que somos muito mais do que um corpo físico, material; o mais perfeito de todos os corpos com vida que habitam a Terra. Temos de aceitar que somos também uma alma, um espírito, ... enfim, um ser que resulta de muitos seres invisíveis e acredito que sem o invisível que existe em nós não existiria o visível. Eles existem em nós como o ar que não vemos, mas se taparmos o nariz e a boca sentimos a falta dele; como sentimos a falta da saúde que o bem que é sermos saudáveis quando estamos doentes. Infelizmente muitas vezes só damos conta do que temos depois de o perdermos.

A partir daqui começamos a descer na nossa escala de todos-poderosos para o nível da humildade. Quando se desce é que se sobe, mas é muito mais difícil atingir a humildade do que chegar à Lua! No entanto, para ambos os casos é necessária muita força de vontade.
Só ao aproximarmo-nos da humildade passaremos a ser capazes de aceitar o transcendente: Deus, o Pai, o Filho, o Espírito Santo, Jesus Cristo, ... que ao nos darem toda a liberdade, nos vão fazendo ganhar consciência de Si para estabelecer a tal relação afectiva tão importante para Eles como para nós, pois a alegria de viver só se encontra quando se estabelece essa relação. ☺









Ó cristão, reconhece a tua dignidade!

de Leão Magno


CAP. I – O AMOR DE DEUS POR NÓS

Todos nós já em crianças associamos a Deus a ideia e realidade que temos com os nossos pais, pois Deus é como um Pai. Assim Deus é como os nossos pais são, se gostamos deles ou é como gostaríamos que os nossos pais fossem. Acima de tudo actualmente ninguém tem dúvidas “de que Deus deve dar tudo o que precisamos e não nos deve exigir absolutamente nada”, pois é assim que a juventude presentemente acha que os pais devem ser:
Os filhos têm todos os direitos e os pais têm todos os deveres e ai deles se se atreverem a exigir aos filhos seja o que for: serão uns pais desnaturados. Mesmo que tenhamos tido uns pais maravilhosos e portanto sentimo-nos amados por Deus e acreditamos que Deus é Amor; à medida que crescemos e tomamos contacto com o mal, o sofrimento, as catástrofes que estão constantemente a acontecer à nossa volta; imediatamente mudamos o nosso conceito a respeito de Deus e deixamos de amá-l’O e logo O acusamos de todo o mal que acontece.
Tantos adolescentes e mesmo adultos se questionam neste mundo materialista onde o TER e o PODER andam juntos, como é que Deus que pode e decide tudo (Deus à imagem do ser humano) permite o sofrimento e o mal muitas vezes em pessoas que são boas (e o livre arbítrio daquelas que se divertem a lançar o mal sobre os outros)?
Mas Deus dá-nos o livre arbítrio e um tempo para semear, isto é, fazermos o que quisermos sem que nada de mal nos aconteça e um tempo para colher quando nos passam a acontecer tudo o que fizemos aos outros e injustiças; por isso a sabedoria popular nos ensina “faz aos outros o que queres para ti (mesmo sem os outros o saberem) porque é isso que recebes (vais receber).”

Numa revista tomei contacto com o seguinte caso: os Rodrigues eram um casal muito amigo e apenas com um filho adolescente que tinha falecido havia pouco tempo de doença prolongada. A entrevista rodava à volta da morte do filho. Esta mãe explicava que poderia ter-se revoltado contra Deus por lhes ter levado este filho único que eles tanto amavam, pois Deus pode tudo e Se quisesse teria evitado isso. Só que esta mãe não o poderia fazer porque durante a doença do filho teve muitos exemplos do amor de Deus por ele.
No entanto houve algo que a marcou profundamente. Um dia o filho pergunta-lhe:
- Mamã, como é morrer? Dói morrer?
Esta mãe entrou em choque e foi até à cozinha para ganhar tempo e pedir ajuda a Deus para a resposta. Deus veio em seu auxílio e a resposta certa ocorreu na sua mente. Ela dirigiu-se novamente para o quarto do filho e disse-lhe:
  • Filho, lembras-te quando eras pequenino e passavas o dia todo a brincar? Quando chegava a hora de dormir já estavas tão cansado que ias directamente para o quarto da mamã e estendias-te na cama completamente vestido e calçado. Adormecias logo... Mas de manhã, quando acordavas, estavas no teu quarto, na tua cama, com o teu pijama e ficavas surpreendido. Como é que tinha acontecido a mudança e tu não te lembravas de nada? Acontecia que havia alguém que te amava muito e se preocupava muito contigo. O teu pai vinha com os seus braços fortes, mas com muito cuidado e amor e levava-te, de mansinho, para o teu quarto de maneira que não sentisses nada. Depois eu mudava-te a roupa e cobria-te com os lençóis com tanto amor e carinho que tu também não acordavas. Assim, filho, é a passagem de junto de nós para junto do Pai que está no céu. Nós acordamos um dia e vemos que estamos noutro lugar, o nosso lugar, aquele a que pertencemos e que o Pai guardou para nós porque Ele ama-te ainda mais do que nós, os teus pais cá na Terra e toma conta de nós com o mesmo carinho.

Esta mãe conta-nos: O João deixou de sentir medo de morrer após este episódio. Mesmo sem curá-lo, esta foi a melhor prenda que Deus nos poderia dar. No momento final, o João passou da Terra para o Céu exactamente como Deus me disse que ele o faria – no sono mais tranquilo e calmo, como quando passava do nosso quarto para o quarto dele ...

A seguir vem o comentário da jornalista: Aqueles que vivem uma tragédia são frequentemente iniciados em algo que, quem está de fora pode nunca experimentar ou compreender: o Amor de Deus – instantâneo, contínuo, real – no meio das aflições.

Com a presença do Pai eles têm algo mais precioso que o atendimento que Ele possa fazer a qualquer nosso pedido e como nós gostamos de inverter as situações a nosso prazer, não é Ele que tem de satisfazer os nossos pedidos, as nossas vontades; mas sim nós que, usando do livre arbítrio, escolhemos o que Ele nos pede “Amar a Deus acima de todas as coisas e amar o próximo como a nós mesmos”, isto é, só praticar o bem e deixar acontecer agarrando as boas oportunidades que vão surgindo.

Na verdade, na oração, devemos expor as nossas necessidades e não pedir. Podemos pedir a saída daquela situação que nos aflige e só. As nossas acções regulam as nossas vidas. Teremos aquilo que fomos dando aos outros e não aquilo que quisermos “quem faz o mal, não pode esperar o bem” diz-nos a sabedoria popular. Contudo, o sofrimento vai surgindo à mistura porque ele é a medida necessária para irmos sendo burilados e cada vez melhores; caso contrário, tornamo-nos prepotentes e soberbos, sem necessidade de Deus. Com as contrariedades do dia-a-dia não perdemos a consciência da existência de Deus e damo-nos conta de tanto de bom que Ele nos dá todos os dias. Tantas provas há de que somos assim! Quantas pessoas já afirmaram que só depois de verem a morte à sua frente e não contarem mais com a vida, passaram a amar cada momento das suas vidas, a respeitar a vida e a dar muito mais importância à graça de poder estar e partilhar a vida com aqueles que amam. Nós não temos o direito de exigir nada a Deus porque só existimos graças a Ele e enquanto a nossa existência tiver sentido para Deus. Nós só temos o direito de amá-l’O, adorá-l’O e louvá-l’O porque nos fez existir e viver esta maravilhosa experiência. Sofremos, bem-vindo o sofrimento porque nos faz caminhar para Ele e ganhar cada vez mais consciência d’Ele e que Ele nos ajude em cada momento das nossas vidas a passar pelo sofrimento inóculos, sem revolta, sem questionamentos e sempre com muita fé de que após o mal vem a alegria da saúde, da vida, da paz com Ele e Jesus Cristo mais próximos e que tudo afinal valeu a pena e faz sentido!...

Todos nós mais cedo ou mais tarde somos postos à prova. Conhecemos realmente Deus, queremo-l’O connosco, queremos estar com Ele ou na verdade falamos apenas da boca para fora e só O queremos usar com a intenção da nossa vida ser um mar-de-rosas?
Esta é a grande questão e em geral, se nos situamos no primeiro caso é natural que as provações que, de vez em quando, surgem nas nossas vidas fortaleçam, amadureçam a nossa fé e a nossa relação com Deus. Se nos situamos no segundo caso é natural que à primeira provação voltemos as costas a Deus porque afinal Ele não fez a nossa vontade, não nos serviu, não nos pagou o tempo que Lhe dedicamos egoistamente com o intuito de sermos recompensados a prazo. Se no meio do tormento a nossa fé persevera e fortalece, então sim temos relação com Deus e é uma relação muito bonita em que também o Amor de Jesus Cristo nos envolve, amortece o sofrimento, ajuda-nos a ultrapassá-lo e nos sentimos muito amados como nenhum ser humano tem capacidade para fazê-lo. Não precisamos pedir-Lhe nada porque temos tudo; Ele, Deus, o Pai são tudo e estão em nós. Quando passamos pelo sofrimento, mas Jesus Cristo está connosco então compreendemos a verdade dos versículos Rm 8,35-39 “Quem poderá separar-nos do Amor de Jesus Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? De acordo com o que está escrito: Por tua causa estamos expostos à morte o dia inteiro, fomos tratados como ovelhas destinadas ao matadouro. Mas em tudo isso saímos mais do que vencedores graças Àquele que nos amou. Estou convencido de que nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do Amor de Deus que está em Jesus Cristo, Senhor Nosso.”
Não há crescimento interior, caminho, peregrinação (para o Senhor Jesus Cristo) sem sofrimento e sem o Amor de Jesus Cristo, de Deus, do Pai do Céu a apoiar-nos e a elucidar-nos. Todo o sofrimento e provação por que passamos não é fruto do acaso, mas é aproveitado para um objectivo específico: burilar as arestas rugosas que existem na nossa mente e que dificultam a nossa peregrinação para Jesus Cristo. Deus e o Pai não nos querem masoquistas, mas que saibamos aceitar o sofrimento para nos modificarmos, para permitirmos que Eles nos moldem com o fim de ficarmos melhores, mais humanos. Na peregrinação de cada um e todos a fazemos desde que nascemos, Deus saberá quando precisa de parar a nossa peregrinação porque conhece as nossas limitações e ficaremos onde nos foi possível chegar. São de grande beleza os versículos da Epístola de S. Paulo aos Romanos 8,26-30 “É assim que também o Espírito vem em auxílio da nossa fraqueza, pois não sabemos o que havemos de pedir para rezarmos como deve ser; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que examina os corações conhece as intenções do Espírito porque é de acordo com Deus que o Espírito intercede pelos santos.
Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que adoram Deus, daqueles que são chamados de acordo com o Seu desígnio. Porque àqueles que Ele de antemão conheceu também os predestinou para serem uma imagem idêntica à do Seu Filho. E àqueles que predestinou também os chamou e àqueles que chamou também os justificou e àqueles que justificou também os glorificou.”
No entanto, não confundamos; não é Deus que nos dá o sofrimento. São os das trevas e porque Ele dá o livre arbítrio a todos, Ele acompanha todo o nosso sofrimento e provação, aliviando o sofrimento dos do Bem, isto é,tornando-o suportável e recompensando-os por se manterem fiéis. Nós vamos vivendo situações difíceis, vamos tomando decisões, vamos respondendo, vamos escolhendo na presença de Deus e do Pai, de Jesus Cristo, do Pai do Céu e dos do mal e assim vamos fazendo o nosso caminho. Jesus Cristo “apostou” que estaríamos preparados para escolher o caminho para Ele e se isso acontecer Ele ficará muito feliz. O Seu filho(a) (na última Ceia chamou-nos “filhinhos”) ganhou o direito a ficar na Sua Casa que é também casa de Seu Pai ou a mudar para um lugar mais próximo da comunhão com Eles. O Filho acompanha o Pai em todo este processo. Ele sabe o que ensinou.
Isto só significa que o Filho e Deus estão preocupados e querem o nosso crescimento interior, a nossa maturidade espiritual, pois só assim conseguiremos alcançar a comunhão permanente com Eles “Eu e o Pai somos Um” e nós passamos a ser o Reino de Deus na Terra como S. Lucas nos comunica no capítulo 17, versículo 21

pois o Reino de Deus está em vós”. Então a alegria, a paz, a bondade, a calma e outros frutos do Espírito de Deus passam a existir em nós e o que tanto procuramos no exterior em tantas coisas e ambientes, finalmente temos dentro de nós.

Há 2000 anos era impossível ter esta qualidade de vida. No entanto, os discípulos viveram esta experiência com Deus e o Pai exteriormente na Pessoa de Jesus Cristo – o Filho Incarnado habitando entre nós, pois Ele é Um com o Pai (Jo.10,30): Jesus Cristo alegrou-se com a alegria dos outros; ficou feliz com a felicidade dos outros; chorou com a tristeza dos outros; salvou da morte todos os que quiseram acreditar na Sua Palavra dando vida a mortos, curando todas as doenças, expulsando demónios e trazendo muita alegria e esperança aos que a não tinham. Trouxe o Reino de Deus à Terra e todos rejubilaram.
Jesus Cristo afirmou-nos: “Vim, não para fazer a Minha vontade, mas a d’Aquele que Me enviou.” (Jo.6,38) “E a vontade de Meu Pai é esta: todo aquele que vê o Filho e acredita n’Ele tem a Vida e Eu ressuscitá-lo-ei no último dia.” (Jo.6,40)
Que aprenderam os discípulos contemporâneos de Jesus Cristo?
Em primeiro lugar a relação íntima que Ele tinha com o Pai. Todos os dias, várias vezes ao dia, afastava-se dos Seus discípulos para rezar na intimidade. Com Deus e o Pai não se dialoga, não se regateia. Com Deus e o Pai fala-se, expõe-se os nossos problemas e as nossas inquietações e fazemos silêncio dentro de nós para nos apercebermos da vontade d'Eles e/ou de Jesus, aceitá-la e cumpri-la. Há alturas em que a resposta não vem logo, mas nos acontecimentos do quotidiano e só depois de acontecer é que nos apercebemos que aquela foi a resposta que Eles tiveram para nós. Não há testemunhos de que Jesus Cristo tenha alguma vez regateado, dialogado com Seu Pai, mas sim que tenha feito silêncio, respeitado e cumprido sempre e só a vontade de Seu Pai.

Jesus Cristo providenciou tanto as necessidades espirituais como as do corpo. Ele mesmo afirmou: “Nas vossas orações não useis de repetições porque o Vosso Pai Celeste sabe do que precisais antes de vós Lho pedirdes” (S. Mateus 6,7-8) e também “Não vos preocupeis com o que comer, beber ou vestir pois Vosso Pai Celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso.” (S. Mateus 6,25-33) Se a morte vos atacar na forma de doença, desequilíbrio emocional, privações “pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á, não esquecendo que o que quiserdes que vos façam os outros, fazei-o (primeiro) também a eles.” (S.Mateus 7,7-12) Ao fazermos aos outros o que gostaríamos que nos fizessem, estamos a comunicar a Deus, a Jesus Cristo, ... o que queremos para nós porque é essa a Lei. Contudo, não é deles que receberemos gratidão, a mesma atenção ... mas sim de Deus, de Jesus Cristo, do Pai do Céu e Aquele que veio em nosso auxílio, encaminhará alguém que nos fará naquele momento que precisamos o que fizemos a outro no momento que ele precisou. Como tratarmos os outros, Deus encaminhará alguém na altura oportuna a nos fazer a mesma coisa. “Não julgueis para não serdes julgados; a medida com que medirdes, sereis medidos.” (S. Mateus 7,1-5) Também muito importante neste capítulo temos: “Não deis as coisas santas aos cães, nem lanceis as vossas pérolas aos porcos; para não acontecer que as pisem aos pés e, virando-se contra vós, ainda vos despedacem.” (Mt.7,6) Isto é, vede bem a quem fazeis o bem, a quem dais a conhecer a Palavra e fazei-o apenas na medida em que essa pessoa consiga aproveitá-los. Primeiro há que nos apercebermos se a pessoa está receptiva àquilo que lhe temos a comunicar e detectar a sinceridade da mesma. Caso ela esteja mais interessada nas coisas materiais e ainda ria de Deus e do Pai o melhor é o silêncio, pois antes da nossa actuação tem de haver a actuação celeste. ”A semente está lançada. Ide e trabalhai a terra.” Se existe interesse na pessoa pelas coisas de Deus, há que detectar até onde ela terá capacidade de aceitar e dar-lhe apenas isto. Deus e o Pai farão sempre primeiro o trabalho; nós somos meros instrumentos e Deus é que sabe qual é a situação interior daquela pessoa e até onde ela pode ir. Tudo o que sobre, é desperdício; perda de tempo que poderia ser utilizado proveitosamente com outra pessoa e muitas vezes também é prejuízo para nós próprios porque os do mal só têm mal para retribuir, às vezes até pensando que nos fazem bem; por exemplo, se eles em agradecimento nos atribuírem os dons de malícia, ambição, estão a fazer-nos mal, a afastar-nos do bem. Há que saber em cada momento qual é a vontade de Deus e fazê-la e nunca a nossa vontade.

Também em factos, Jesus Cristo providenciou o alimento necessário: os casos da multiplicação dos pães e peixes e da transformação da água em vinho.
O Filho de Deus, Jesus Cristo, foi Imagem de Seu Pai quando expulsava a morte que provoca as doenças; quando expulsava espíritos malignos dos corpos, restaurava órgãos do corpo como pernas e olhos e tinha poder sobre a morte: ressuscitou Lázaro e várias outras pessoas já consideradas sem vida; dominou as tempestades.
Este período foi único na história do planeta. Deus e o Pai habitaram entre nós e deram-se a conhecer e todos viveram a felicidade de se sentirem protegidos do mal e a alegria enorme de ter Vida e Vida em abundância.
Deus e o Pai deram-se a conhecer como são: Vida, misericórdia, justiça, afectos, bondade, caridade, amizade, respeito, piedade, ... e tudo isto contribui para a tal alegria de viver, de existir; característica de todos os que vivem na Graça d'Eles. Jesus Cristo fez tudo para nos dar a conhecer Seu Pai – o Deus que está sempre próximo, pois o Seu Reino está em nós;(Lc.17,21) Poderoso, sempre pronto a ajudar-nos na nossa caminhada, pois só deseja uma coisa: a nossa felicidade que é a Sua Felicidade e nunca agradeceremos o suficiente mesmo que Lhe agradeçamos todos os dias a vida que todos os dias nos dá e a vida que dá a tudo o que existe na natureza e que pôs ao nosso dispôr.

O apóstolo S. João transmite-nos com muito amor: “N’Ele estava a Vida e a Vida era a luz da humanidade, mas as trevas não A admitiram.” (Jo.1,1-18)
e S. Paulo na II Epístola a Timóteo 1,12 diz-nos: “... sei em Quem pus a minha confiança e estou certo de que Ele tem poder para guardar até àquele dia o bem que me foi confiado.” Nessa confiança completa reside o significado da frase de Jesus Cristo: “Se não voltardes a ser como as criancinhas, não podereis entrar no Reino dos Céus.” (Mt.18,3) Como são as criancinhas?
Têm plena confiança nos seus pais e quando estão com eles nada os assusta porque sabem que os pais os defenderão de todo o mal. Então só quando atingirmos com o coração esta confiança plena em Deus, no Pai e em Jesus Cristo estaremos em condições para passar do mundo das trevas para o mundo do Dia. A purificação vai-se fazendo com a ajuda de Deus e do Pai, do Filho: Jesus e do Espírito Santo.

Catherine Marshall escreve no seu livro BEYOND OURSELVES sobre os seus tempos de estudante universitária: “A minha religião não tem uma base firme, pois ainda não tive uma experiência vital. Deus não me parece real. Eu acredito, mas não posso continuar assim. Acredito que estou a viver uma crise existencial. Compreendo agora como é fácil as pessoas perderem a fé quando atingiram um determinado nível de estudos que os faz pensar como seres independentes. Isto acontece a qualquer um que tenha recebido a religião como herança ou hábito. Se algo não me acontecer, poderei seguir o mesmo caminho.”(p.50)1 Geralmente este encontro pessoal com Deus vem por meio de uma crise. A ela aconteceu-lhe em Março de 1943 quando lhe foi diagnosticado manchas nos dois pulmões. Foi-lhe exigido 24 horas por dia na cama até as manchas desaparecerem. Assim passou ano e meio com marido e um filho de quatro anos e tudo na mesma. Tudo foi tentado e tudo resultou em nada. “Havia em mim um forte desejo de comunicar com Deus, nascido do desespero. Compreendia que do ponto-de-vista de Jesus Cristo a saúde física é uma pequena parte de um todo (a unidade das partes) mais profundo. Assim esta unidade só pode surgir quando as várias partes interiores deste todo estão saudáveis, quando o indivíduo se une à Fonte do seu ser. Por isso cheguei à conclusão de que a procura da saúde passa pela procura da relação pessoal com Deus. A questão era: o que é que estava bloqueando esta relação?”
Então a autora faz uma análise da sua vida para verificar o que está fora do caminho prescrito por Jesus Cristo no Sermão da Montanha e foi tomando notas. De seguida pediu ajuda espiritual, pediu perdão a quem tinha ofendido e verificou a coragem e a humildade que são necessárias num arrependimento verdadeiro. Também pediu perdão pessoalmente a Deus e ao Pai e a Jesus Cristo e agarrou-se às promessas feitas pelo Apóstolo S. João: “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar e purificar-nos de todos os preconceitos.” Após queimou a lista e as notas que tinha feito, com a firme decisão de mudar. Nos meses seguintes ganhou consciência de que havia pessoas de quem não gostava e que as tinha afastado da sua vida. “Agora Jesus Cristo dizia-me: Isso não é perdão. Não é permitido portas fechadas. “Se perdoardes aos outros as suas ofensas também o vosso Pai Celeste vos perdoará a vós. Se, porém, não perdoardes aos outros as suas ofensas também o vosso Pai não vos perdoará as vossas. (Mt.6,14-15) Se não se perdoa não se entra no Reino dos Céus.” É preciso perdoar e esquecer com a ajuda celeste e entregar tudo que nos fazem, bem e mal, a Deus e Seus colaboradores, ao Senhor Jesus Cristo e seus colaboradores, ao Pai do Céu e seus colaboradores.
Qualquer médico exige que todos os seus conselhos e medicamentos sejam seguidos. Caso contrário, ele não se responsabiliza. O mesmo se passa com Deus e o Pai. Então a 22 de Junho de 1944 a autora promete a Deus e a Jesus Cristo:
“A partir deste momento eu prometo que, até ao fim da minha vida, vou tentar fazer seja o que for que o Senhor me peça; desde que tenha plena consciência de que esses são os Vossos desejos, Senhor e Pai-Nosso. Sou fraca e muitas vezes provavelmente vou querer fazer a minha vontade; mas, Senhor, vai ter de me ajudar nisso também.” (p.56) Respirou fundo, estava a tremer; mas a promessa estava feita. Isto trouxe-lhe a paz que havia muito tempo não sentia.
Nas semanas seguintes começou a sentir melhoras e lentamente a Vida foi-lhe regressando. O Pai do Céu, Jesus Cristo tratam de maneira diferente cada um de nós e este tratamento individualizado revela-nos a elevada qualidade do Amor e preocupação de Deus. ”A partir de João Baptista é anunciada a Boa-Nova do Reino de Deus e cada qual esforça-se por entrar nele.” (Lc.16,16) Ao mesmo tempo há uma experiência de compromisso que é comum a todos nós: o acto de nos confiarmos completamente – passado, presente e futuro – a Deus e de fazermos a Sua vontade, ficando ao cuidado do Pai do Céu, de Jesus Cristo. O que Deus quer de nós é exactamente o que qualquer pai/mãe preocupado quer para o seu filho – aquela pura alegria que jorra da maturidade da nossa fé. Que Jesus Cristo é assim só podemos descobrir por nós próprios e esta é a única dificuldade. A descoberta vem em segundo lugar porque em primeiro lugar vem o acto de querer e só depois vem a compreensão e o conhecimento do Pai Celeste, de Jesus Cristo.

Muitos cristãos-praticantes transmitem a ideia de que há apenas duas maneiras de entrar para a fé consciente:
    • Nascer numa família praticante;
    • Ter uma experiência dramática de fé em adulto.

Ambos os casos têm dois factores infelizes em comum: a iniciativa não foi aparentemente do indivíduo e o caminho para o Pai Celeste é muito impreciso. A tibieza da caminhada só tem a ver connosco e não com Jesus Cristo.
Algo mais é necessário: cada indivíduo entra no caminho da maturidade da fé por si próprio. É algo que não se pode herdar. A fé é pessoal; não é por nossos pais a terem que nós vamos ter fé ou todos os filhos terão fé. Como também os filhos de pais descrentes podem ser crentes, apesar do ambiente contribuir muito para a tomada consciente da fé e é uma grande ajuda para esta se desenvolver. Quando os Apóstolos começaram a pregar insistiam que cada indivíduo tinha de ter o seu encontro pessoal com Jesus Cristo e tomar a decisão de aceitar o seu caminho ao encontro do Pai Celeste. A história mostra-nos que houve muita vitalidade neste século I da nossa Igreja. Vitalidade suficiente para abanar o sofisticado império romano.
Entrar para a Vida com Afectos significa adquirir novamente a inocência e a confiança da infância na relação com os nossos pais; em adultos na relação com Jesus Cristo e Deus.
É a porta estreita!
A Boa-Nova é que Jesus Cristo nos recebe, apesar de tudo o que tenhamos feito da nossa vida anteriormente. O que importa para Ele é o desejo de fazer caminhada para Ele. A Nova Pessoa surgirá mais cedo ou mais tarde.

M E M O R A N D U M

  1. Admitir que se é incapaz de resolver uma ou mais áreas da nossa vida;
  2. Acreditar que existe uma Força Superior a nós próprios;
  3. Tomar a decisão de mudar a nossa vida, entregando-a aos cuidados do Pai Celeste;
  4. Investigar e fazer um inventário do mal que se tem feito e orientado a nossa vida;
  5. Admitir a Deus, a Jesus Cristo e a nós próprios e ao conselheiro espiritual as nossas faltas, as nossas ofensas a Deus e aos outros;
  6. Estar preparados para que Deus e os Seus colaboradores nos modifiquem e retirem os nossos defeitos e pedir isto humildemente ao Pai Celeste;
  7. Fazer uma lista das pessoas com quem temos sido incorrectos e alterar o nosso comportamento com essas pessoas;
  8. Continuar a fazer regularmente exames de consciência e pedir perdão a Deus e aos outros;
  9. Rezar e meditar diariamente melhorando o nosso contacto com o Pai Celeste, tentando conhecer a Sua vontade e pedindo auxílio para a concretizar;
  10. Transmitir aos outros estes princípios e esta maneira de viver.
(continua)


1 Ibidem