sábado, 14 de maio de 2011

Poemas da Ir. Alda Maria Rego

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Venho partilhar convosco estes poemas que tive o gosto de conhecer da Ir. Alda Maria Rego, MRSCJ.
BOM DIA!

O dia é sempre bom, se procuras ser melhor
Quando tu és pequenina p’ra que o outro seja maior;
Quando tu procuras ser o que és e sempre mais
E caminhas sempre em frente sem jamais voltar atrás;
Quando à tua volta espalhas: amor, paz e alegria;
Quando fores o que és ... então és mesmo, BOM DIA.

Que aqueles que te vêem a entrar e a sair,
Sintam que a tua presença é razão para sorrir;
Que para eles sejas sol que ilumina e aquece
Que se reparte por todos e a todos enriquece.
Tu és como o rouxinol ou pequena cotovia,
Vais cantando e repetindo o teu alegre BOM DIA.

Tu entras e olhas à volta e vês que ninguém sorri ...
Já são horas do trabalho, todos esperam por ti.
Perguntas-te “O que se passa?” e vais avançando em frente
Que lhes falta?” Não entendes, pois andas sempre contente.
Interpela, ilumina, seja noite ou seja dia
E diz com entusiasmo o teu alegre BOM DIA.

Que tu sejas o BOM DIA por todos tão desejado;
Um dia cheio de luz, mesmo quando enevoado,
Em que o sol vai espreitando, por entre nuvens pesadas,
Projectando gotas de esperança, mesmo quando são molhadas;
Que sejas música suave, uma alegre sinfonia,
Uma bela partitura, um ansiado BOM DIA.

Porto, Outubro de 1989
Escrito por Ir. Alda Maria Rego, MRSCJ

A VIDA VIVIDA ...


Hoje pego na Vida com mãos cheias de ternura e sinto que ela é sempre uma Aventura:


A Vida é uma montanha que tenho de escalar
Com dificuldades inerentes que não posso evitar.
Ela é sempre um Apelo a um nunca mais parar
É um sair permanente e um nunca mais chegar;
É um sentir bater no rosto o sol amigo a queimar
É olhar a brisa linda que passa por mim a cantar.

A Vida é gostar do vento forte e do seu assobiar
Andar sereno na areia passeando à beira-mar.
É saber que a noite vem e me vai fazer sonhar
É esperar pelo dia que me virá despertar.
É saber fazer silêncio p’ra poder saborear
Toda a beleza da vida que me faz assim vibrar.

A Vida é olhar a imensidão de uma estrada no mar
Que apetece percorrer ao encontro do luar.
A Vida é algo de belo que vale a pena guardar
Mesmo quando há que a perder para a reencontrar.
Por que eu vejo assim a Vida é que não a posso calar!
A Vida é um DOM maravilhoso e tenho de o cantar!

Porto, Maio de 1991

Ir. Alda Maria Rego

À espera da consulta

Esperando horas e horas numa cadeira sentada
Olhando à minha volta silenciosa e calada!
Com carinho e muito amor, vou olhando atentamente
Descobrindo tanta ansiedade no rosto de toda a gente:
Um sorriso sem sorrir; um olhar desapontado ...
Sempre fixo no relógio, à espera de ser chamado.
Tanta dor, tanta tristeza, tanta riqueza escondida ...
Tanta partilha espontânea, tantos pedaços de vida!

O tempo passa depressa! Mas aqui não é assim,
Pois este tempo de espera parece jamais ter fim.
No meio desta multidão, sinto-me feliz e contente,
Podendo assim partilhar da sorte de toda esta gente.
Sinto-me pobre como eles, mas é bom experimentar
As longas horas de espera que não acabam de passar!

Não há médico escolhido ... que inspire confiança
É aceitar o que vem ... e viver na esperança!
Olhamo-nos com amizade, sentimo-nos em sintonia.
Aqui não há privilégios! E isso dá-me alegria;
Um diz do seu sofrimento; o outro da sua vida.
Partilham tudo o que sentem em voz vibrante e sentida.
O ouvido bem atento para ouvir a chamada ...
A minha demora tanto ... e permaneço sentada.

Entram muitos que chegaram, decerto depois de mim,
E são chamados primeiro, mas ser pobre é ser assim:
É esperar paciente e sem nada reclamar ...
À espera de uma voz que nos convide a entrar ...
Então sim! É mesmo agora! Despeço-me, pois vou entrar,
Dos pobres que, como eu, estão cansados de esperar!
Queria levá-los comigo ... p’ra que fossem atendidos
E não ficassem assim, tantas horas esquecidos,
Mas não posso fazer nada ... pois só chamaram por mim ...
Aceito a minha impotência, pois ser pobre é mesmo assim!

Porto, Julho de 1992
Escrito pela Ir. Alda Maria Rego, MRSCJ

Acolhimento


Era já noite ... tudo dormia
Num silêncio calmo, a noite sorria!
Trazia na mão umas letras soltas
Que ia espalhando, espalhando em todas as portas.
Pela manhã cedo, tudo acordou ...
E à porta de casa uma letra encontrou!
Que fazer com ela? Para que servia?
A noite escondida olhava e sorria ...
O sol com seus raios chegou junto às portas
E feliz foi juntando essas letras soltas.
O sol sorriu naquele momento ...
Pois essa palavra era ACOLHIMENTO.
Cada letrinha sempre que acolhida,
Era transformada em elo de vida.
Então descobri com contentamento ...
Que sou uma estrutura de Acolhimento
E que, quando não comunico e fico calada,
É porque essa estrutura está bloqueada.
E veio a expressão vibrante e sentida:
QUERO ACOLHER E SER ACOLHIDA ...
É grande a alegria que sinto em mim,
Que quero conservá-la e ser sempre assim!

Porto, Setembro de 1994
Escrito pela Ir. Alda Maria Rego, MRSCJ

A gratidão e a memória do coração


Neste jardim à beira mar plantado,
nasceu uma florzinha que eu tratei com cuidado.
Era tão singela, tão frágil, tão perfumada ...
pequenina, tão bonita, delicada ...
Queria dar-lhe um nome e chamei-a de GRATIDÃO
e senti que ela era a Memória do Coração.

O tempo foi passando e a minha flor crescia
e um pouco do seu perfume a todos oferecia!
Eu bem queria que ela se conservasse escondida,
Mas ela crescia sempre, viçosa, cheia de vida!

Não posso mais esconder a minha flor tão querida,
Pois faz parte do meu ser, faz parte da minha vida.
Eu sei que há outras flores nascidas no meu jardim,
Mas esta é a preferida; gosto tanto dela assim!

Não quero que ela morra e guardo-a no coração
Para a poder oferecer, a minha flor GRATIDÃO.
Há quem não repare nela por ser rara a sua cor.
Não sabem o que perdem, pois é grande o seu valor.

Se em todos os jardins ela fosse bem cuidada,
O mundo seria lindo por ela ser perfumada!
Olho-a com muito carinho e canto-lhe a minha canção
E digo-lhe que ela é a Memória do Coração.

Pego nela aqui e agora, com ternura e emoção
E pensei oferecê-la, a minha flor GRATIDÃO.
É pobrezinha, mas bela; embora frágil, bem sei ...
Mas é a melhor que tenho e para ti a guardei.

Vai tudo aquilo que sinto na minha flor GRATIDÃO,
Pois ela é para mim a Memória do Coração.

Porto, Novembro de 1995
Escrito pela Ir. Alda Maria Rego, MRSCJ

Bom dia, minha Mãe!


Acordei na noite, quase de madrugada,
Ouço os passarinhos numa chilreada!
E de quando em vez lá vem um poisar
Na minha janela para me despertar.

E em seus chilreios densos de harmonia,
Senti que cantavam teu nome, MARIA!
E pus-me a pensar como tu serias ...
Neste despertar de todos os dias.

Eras uma flor que ao sol se abria
Como o girassol ao romper do dia ...
Uma Flor tão linda, de rara beleza,
Deixando atónita toda a natureza.

Flor tão delicada e de rara cor
Tens em tuas pétalas gotinhas de AMOR.
És linda, MARIA, logo pela manhã!
Abrindo de par em par o teu coração.

Linda primavera, manhã radiosa,
Brisa tão suave, tão silenciosa.
Passas de mansinho, toda recolhida
Albergando em Ti o Senhor da Vida.

És aurora linda que nos traz o dia;
É lindo, tão lindo, teu nome, MARIA!
Olho as estrelas já em despedida;
Vai chegar o sol na manhã da vida.

Estrela suave, tão apagadinha ...
Por isso Te chamam de Mãe e Rainha!
Tu és farol no caminho da vida.
És a minha bússola jamais esquecida.

És a minha aurora que me traz o dia,
És a minha musa, a minha alegria.
És feita de luz, de vida e amor;
És a MINHA MÃE e a Mãe do MEU SENHOR!

Festa da Imaculada, 1995
Escrito pela Ir. Alda Maria Rego, MRSCJ

A vida é um pássaro

Vais passando, voando a cantar;
Experimentando como é bom saber voar.
Os teus primeiros voos tiveste de ensaiar
E sabias que a tua vida é um cair e levantar;
Um depender de quem te pudesse alimentar
De todos quantos te ensinaram a cantar.

Tantas vezes te quiseram apanhar.
Para quê? Para te engaiolar.
Mas tu fugias voando sem parar
Para não te deixares acorrentar;
Mesmo quando te procuravam calar,
Continuas o teu lindo chilrear.

As tuas asas, nunca as deixaste cortar,
Embora muitas vezes tu tivesses de parar
E te tivessem ensinado a esperar.
Dentro de ti sentias a VIDA a germinar
E por isso não paravas de cantar.
Ainda hoje és um pássaro a voar.

O teu canto tem a nostalgia do luar;
Traz em si uma aurora a despontar,
Um novo dia que não acaba de chegar;
Uma esperança nova que tu não podes guardar
Que o mais importante de tudo é AMAR.

Continua e não deixes nunca de cantar,
Meu pássaro verde de esperança no olhar.
Sobe aos ramos ... não te deixes rastejar;
Sobe sempre mais alto, pois lá é o teu lugar;
E quando alguém triste fitar em ti o seu olhar,
Que esse alguém sinta vontade de cantar.

Agosto de 1996
Escrito por Ir. Alda Maria Rego, MRSCJ


Catequista ...


Mensageiro! Que trazes para anunciar?
Quem te enviou e te fez assim andar?
Teus pés trazem pégadas de esperança,
Tuas mãos vão moldando quem tu chamas de criança.
Essa flor que é botão prestes a desabrochar
E que tu, com tanto amor, vais cuidando sem parar.
O teu coração é espaço de encontro e comunhão
Com Aquele que anuncias e te conduz pela mão.
Será que alguma vez te lembraste de perguntar:
- Por quê eu e não outros para O anunciar?

Mas Ele chama quem quer, sem olhar à condição;
A iniciativa é d’Ele, embora penses que não.
Foi Ele que te amou primeiro com tal carinho e ternura
E que fez que te lançasses nessa grande aventura.
Não tenhas medo! Caminha com alegria!
Mesmo que a noite aconteça, é o Senhor quem te guia.
Quando sentires o cansaço e a dureza do solo ...
Não esqueças que é aí que Ele pega em ti ao colo.
Ele não precisa de ti, mas não te quer dispensar,
Em ti fará maravilhas se O deixares actuar ...

Calça as sandálias da Esperança, apoia-te no Seu cajado
E, lá por cima das nuvens, contempla o céu estrelado.
O vento sopra com força e não sabes donde vem ...
E tão-pouco para onde vai ... e não o sabe ninguém.
Deixa-te conduzir por Ele e verás o sol nascer;
O dia que não mais morre; um perene volver.

Agosto de 1996
Escrito por Ir. Alda Maria Rego, MRSCJ


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