sexta-feira, 26 de agosto de 2011

"Passagem - Páscoa"


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Venho partilhar convosco este meu trabalho “Passagem – Páscoa” que vos apresento em duas partes; esta é a segunda parte e última.

Aqui ao leme sou mais do eu ...”

in “O Mostrengo” de Fernando PESSOA

CAP. II – O QUERER E A VONTADE
O memorandum exprime a necessidade de um querer verdadeiro. Para compreender este querer é necessário compreender que nós somos corpo, alma e espírito. A alma está relacionada com os sentidos, a criação, as sensações, a vontade. O espírito do Bem está relacionado com o raciocínio, o querer, o gerar, os afectos, os dons. O corpo é o receptáculo. “O Reino de Deus está em vós”(Lc.17,21) Compreender esta diferença entre vontade e querer é essencial para entrar em relação com Deus e Jesus Cristo, pois Ele é Espírito.
No século XVII François Fénelon, um padre francês escreveu o livro Progresso Espiritual onde nos ensina que para entrar na relação com Jesus Cristo, a vida do cristão tem de ser baseada no querer e não na vontade. Jesus Cristo toma em consideração as decisões e as escolhas do querer das pessoas como as escolhas e as decisões com consciência da própria pessoa. Não importa se a vontade diz o contrário ou não. Mais ainda, quando se usa este princípio a vontade anula-se sempre em favor do querer. Quando nos gera, Deus dá-nos o dom da vida e a liberdade de escolha e o Deus da Vida e Jesus Cristo não violam este princípio. Quando nos começamos a interessar mais por ser donos de nós próprios, trabalhar, trabalhar, trabalhar para ter isto ou aquilo, ... Deus deixa: “Queres? Preferes? Vai!” Mas “Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a Minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa (corpo) e cearei com ele e ele coMigo.” (Ap.3,20) É assim: quando quisermos voltar, por muito mal que estejamos, Deus, Jesus Cristo vêm sempre a 100%, mas se e só se nós o quisermos a 100%. Não interessa fazer bem e fazer mal; para Deus e Jesus Cristo só interessa os que fazem só o bem, a 100%. Caso contrário, nada feito!

“Dá a Deus pouco quem não lhe dá tudo
Luíza Andaluz

Somos nós que temos de abrir a porta do nosso coração e convidar Jesus Cristo e o Deus da Vida a vir morar nele.
Antes de vivermos a tal experiência dramática de fé possivelmente teríamos decidido que pertencíamos a nós mesmos; que só nós tínhamos a ver com as decisões que tomássemos. Já que Deus nos tinha dado a inteligência, nós tomávamos as decisões da nossa vida por nós próprios – carreira profissional, com quem casar, onde morar, como educar os filhos; mas é precisamente aqui que “... somos cegos querendo guiar outros cegos.” (S. Mateus 15,14) Então começamos a encarar becos sem saída e, primeiro ficamos surpreendidos, depois vacilantes, cansados de bater a tantas portas e não encontrar a saída e então surge Deus e Jesus Cristo e é ou a Ele a 100% ou a morte. No entanto, de certeza que Deus já sabe qual o resultado e sabe que vale a pena, apesar do indivíduo só no fim reconhecer que tudo valeu a pena e que o ganho foi completo.
A nossa alma do corpo natural (porque quando pessoas novas da Nova Criação recebemos a alma celeste) transmite-nos as sensações e a vontade está ligada a ela. O português é uma das poucas línguas que nos transmite exactamente esta diferença entre a vontade e o querer. Os estrangeiros têm dificuldade em compreender a diferença entre “Apetece-me sair” e “Quero sair”. Por isso a alma pode perder-se porque pode inclinar-se para o pecado (egoísmo, orgulho, preconceitos, avareza, vícios, ira, gula, inveja, preguiça). É o querer, o espírito que dá a coragem, força à alma para que ela consiga respeitar os mandamentos e ganhar a Vida. É uma luta muito dura, mas se a alma sair vencedora (não for condenada) Jesus Cristo abrir-lhe-á a Porta e ela passará a viver sob a Sua guarda. “Eu sou a Porta. Se alguém entrar por Mim (através de Mim, por meio de Mim, se Me escolher) estará salvo. Eu vim para que tenham Vida e a tenham em abundância.” (S. João 10,9)
Cada alma assume o nome que o ser humano recebeu, pois ela foi feita exactamente para essa pessoa. Toda ela é um depósito, registo de tudo o que fazemos ao nosso corpo e outros fazem ao nosso corpo, pois o que fazem ao corpo físico que vêem estão na verdade também a fazê-lo ao corpo celeste que não vêem. Assim nada pode ser escondido de Deus e a Eles (Senhor da Vida e Jesus Cristo) prestaremos contas do que fizemos ao corpo que Ele, com tanto Amor nos concedeu.
Aquilo a que chamamos memória na verdade é o Conhecimento – dom e capacidade de conhecer e conhecimento básico para compreendermos o que está na nossa especialidade e O potenciarmos. É-nos dado antes de nascermos; pode-nos ser retirado e se for caso disso, dado novamente. Todo aquele que é da Vida acredita, sem necessidade de explicações porque ele(a) tem a fé e só a ele(a) vale a pena transmitir estas coisas, pois nós somos do Deus da Vida e da Justiça e de Jesus Cristo e muito felizes por sê-lo.
O espírito do Espírito Universal é o oposto de Deus e é anti-matéria e tem a ver com o conhecimento como donos da verdade e a razão e tem como consequência a ausência da aura e a falta da fé e Deus, o Espírito que é Santo tem a ver com os afectos positivos, enquanto que a vontade tem a ver com os sentimentos fortes, negativos: paixões, ciúme. A Terra é o planeta dos afectos: na Terra – sentimentos fortes; na parte superior da Terra – afectos positivos.
A cada um de nós é dado um tempo de permanência na Terra e podem ser dadas mais de uma tarefa. Quando a primeira tarefa é cumprida e ainda tem tempo disponível e possibilidades de desempenhar mais tarefas, continuará a desempenhá-las até ao fim do seu tempo. Se não cumpriu a primeira tarefa e não tem possibilidades de desempenhar mais tarefas, deixará de habitar a Terra por doença provocada pelo próprio ou por acidente, com Vida com Afectos ou sem Vida. Quando se passa das Trevas para a Vida com Afectos Bons ou se parte para o Pai ou Jesus Cristo ou se fica na Terra, a alma passa por um julgamento sumário na presença do Senhor da Vida e da Justiça e de Jesus Cristo e o Senhor da Vida e da Justiça pergunta a todos os seres quem tem o quê contra aquela pessoa. Depois toda a sua vida passa pela sua mente; mais lenta ou mais rápida de acordo com as queixas apresentadas. Tudo é examinado e verificado. Depois Deus dita a sentença. Este é um julgamento sumário. No fim de cada período celeste todos os que têm contas para acertar e querem uma oportunidade, nascerão de novo e todos aqueles com quem tiveram problemas também nascerão, mas todos com uma identidade semelhante à da pessoa a quem não conseguiram perdoar, não conseguiram relacionar-se. Aquele que não conseguiu perdoar, irá situar-se na posição do outro e este na posição do queixoso. Será que ele conseguirá ter para com aquele de quem se queixou capacidade para agir como ele queria que o outro agisse para com ele? Aliás esta situação acontece mesmo durante a nossa existência. Quantas pessoas criticaram, caluniaram, difamaram outra pessoa porque agiu desta maneira e não de uma maneira altruísta. Mais tarde, perante a mesma situação com outra pessoa, como é que esta pessoa vai agir? Pelos exemplos que temos, age exactamente da mesma maneira que a outra a quem criticou ou não perdoou ou ainda pior. No fim haverá o julgamento da mesma maneira com Jesus Cristo e Deus e a sentença será definitiva.
O ser humano, sem Deus não consegue superar(-se). Mas com consciência do caminho a seguir através da Palavra de Deus transmitida por Jesus Cristo e pelos profetas e com toda a humildade, pedindo sempre ajuda e apoio a Jesus Cristo e com a intercessão de Maria conseguirá, mas só assim. Os seres das trevas estão atentos e é sua vontade que nenhum ser humano escape, mas só a sua espécie e portanto que todos os corpos materiais sejam por eles tomados, isto é, que o corpo celeste seja destruído e substituído pelos seus. “O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir.” (Jo.10,10) – ladrão = ser das trevas = morte. △


Os amigos são perigosos,
não tanto pelo que nos obrigam a fazer,
mas pelo que nos impedem de fazer.”
IBSEN

CAP.III – O QUERER

Para superar-se cada um de nós deve ter consciência de que as nossas emoções muitas vezes nos enganam dolorosamente e temos pouco controlo sobre elas. Jesus Cristo sabe que as emoções não se controlam e apresentam padrões enganadores. Que fazer?
Simplesmente tomar consciência de que as emoções não são o nosso verdadeiro eu. A força motivadora que é o cerne do nosso ser físico é o nosso querer. Querer é o poder do consciente que decide a acção. É o querer que nos governa; é o querer que despoleta todas as nossas acções. Perante Jesus Cristo e Deus, nós respondemos pelo leque de atitudes, comportamentos e acções baseados no nosso querer. Assim ou o nosso querer é egocêntrico ou é o querer de Deus. Por conseguinte, se as nossas intenções são boas (correctas); confiemo-las a Jesus Cristo para que Ele as faça acontecer, se também for esse o Seu querer.
A partir do momento em que tomamos a decisão de colocar o destino das nossas vidas nas mãos de Jesus Cristo, confiando n'Ele; Ele toma controlo sobre as nossas emoções e é o querer que toma controlo sobre nós e deixamos de ser influenciados pelo tempo ou pela disposição das pessoas que nos cercam porque Ele consegue para nós, mas nós sozinhos não. Por exemplo Catherine Marshall afirma-nos (p.74) “há pessoas com quem temos mais dificuldade em lidar; temos reservas, guardamos ressentimentos. Então podemos pedir: – Jesus Cristo, a vingança, a ira são pecado e não os quero dentro de mim. Jesus Cristo, ensinaste-nos a perdoar. Eu tenho tentado, mas não consigo. Agora ponho nas Tuas mãos todos os meus ressentimentos, amarguras. Peço-Te, Senhor Jesus Cristo, para expulsar de mim estas emoções para que eu seja capaz de aceitar toda a gente, incluindo os meus inimigos. Ajuda-me! Não nos preocupamos mais com este assunto e verificaremos passado algum tempo que aquela pessoa já não nos consegue irritar, perturbar, desestabilizar. Já conseguimos ter com ela uma relação normal como com qualquer das outras pessoas.
Assim, por exemplo, amar é uma emoção e portanto não se pode controlar, mas podemos controlar o nosso querer. Se dermos ao nosso querer o caminho correcto, as emoções também seguirão esse caminho porque o querer tem o papel principal e as emoções o papel secundário. Só quando o nosso querer é fraco ou inexistente é que as emoções tomam o controlo do consciente. O nosso querer é forte se vier de Jesus Cristo e de Deus, pois Eles são a Fonte. “Pois é Deus quem, segundo o Seu desígnio, opera em vós o querer e o agir.”(Fil 2,13) Isto significa que se o nosso querer for o querer de Jesus Cristo e de Deus, Eles operarão em nós uma tal mudança que os Seus Planos e querer serão para nós uma grande alegria realizá-los. O querer de Jesus Cristo fica escrito nos nossos corações cada vez que usamos o princípio do querer em cada situação difícil que encontramos na vida. Jesus Cristo não nos ensinou o impossível de concretizar e não nos pede o impossível.
A PERSONALIDADE CENTRADA NA VONTADE (egocêntrica)1

  • Faz apenas a sua vontade, o seu querer;
  • Procura o sucesso pessoal;
  • Preocupa-se com o que os outros pensam de si;
  • Anseia pela admiração e popularidade;
  • É uma personalidade rígida onde conta apenas a própria opinião;
  • Não suporta críticas;
  • Deseja o poder sobre os outros; utiliza os outros para atingir os seus próprios objectivos;
  • Procura sempre a facilidade e é muito indulgente para consigo própria;
  • É de suprema importância a sua autopreservação;
  • Tenta ser autossuficiente; é ateísta prático pois acha que não precisa de Deus na sua vida;
  • Acha que a vida, a sociedade, os outros lhe devem sempre alguma coisa que tem direito de exigir ou obter;
  • É supersensível ficando facilmente magoado, acumulando ressentimentos e desejos de vingança;
  • Entra em depressão facilmente devido aos problemas e desilusões da vida;
  • Pensa que os bens materiais lhe dão segurança;
  • Sente pena de si próprio quando a vida lhe corre mal;
  • Precisa de ser elogiado e reconhecido por cada uma das suas boas acções;
  • É tolerante, até cego com os seus próprios pecados e bastante exigente com os outros;
  • Afasta-se sempre de responsabilidades que lhe possam trazer problemas;
  • Gosta de quem gosta dele. ¤

A PERSONALIDADE CRISTOCÊNTRICA

  • Faz o querer de Deus e de Jesus Cristo;
  • É humilde por natureza;
  • Está cada vez mais livre da necessidade de ser admirado e querido pelos outros;
  • É flexível;
  • Aceita as críticas com objectividade tirando benefícios das mesmas;
  • Procura fazer o bem comum;
  • Afasta-se facilmente quando isso lhe é pedido, pois sabe que muitos confortos do ego devem ser abandonados;
  • Está consciente de que é necessário perder a vida para a ganhar;
  • Tem plena consciência de quanto precisa de Deus ao cuidado de Jesus Cristo e de Maria (do Céu) no seu dia-a-dia;
  • Compreende que a Vida não lhe deve nada;
  • Perdoa prontamente os outros;
  • Tem capacidade para ultrapassar os problemas e usa-os criativamente; isto é, sabe encontrar o lado positivo dos mesmos;
  • Sabe que a segurança está na relação que mantiver com Jesus Cristo e Deus e não com as coisas;
  • Tem resiliência objectiva quando a vida corre mal;
  • Compreende o potencial de mal que o habita e põe-no nas mãos de Jesus Cristo; não lhe causa surpresa qualquer possibilidade de mal em si ou nos outros;
  • Tem consciência que os conflitos entre o bem e o mal não lhe permitirão viver em paz;
  • Consegue gostar do desagradável; tem o sentido de unidade com Deus e Jesus Cristo através de toda a humanidade. ⌂

Já não sou eu que vivo;
é Jesus Cristo que vive em mim.”
Carta de S. Paulo aos Gálatas 2,20









CAP.IV – TER FÉ

O nosso querer em Deus e Jesus Cristo traz-nos a fé. No nosso dia-a-dia usamos a fé (menor) muitas vezes com pouca prova ou nenhuma; por exemplo quando viajamos de avião confiamos no piloto, nos mecânicos as nossas vidas e muitas vezes nem sabemos quem é. Sempre que se toma uma refeição num restaurante confiamos no cozinheiro e ajudantes sem sabermos sequer quem são; confiamos tanto na forma de preparar como na qualidade dos alimentos.
Quando se faz uma operação confia-se totalmente em anestesistas que não conhecemos e muitas vezes em cirurgiões dos quais pouco ou nada se sabe. Aceita-se a receita do médico e a sua prescrição também com base na fé e na farmácia confiamos plenamente no farmacêutico que nos avia a receita. Se houver um engano, podemos morrer.
Já que somos capazes de ter fé em tantas pessoas sem a qual seria impossível muitas vezes sobreviver; então porque parece estranho ter fé em Deus?
Só se pode ser cristão pela fé como a criança só se desenvolve harmoniosamente pela fé que tem nos seus pais. Tanto para a criança como para o cristão compreender e ter prova, vêm depois.

O Novo Testamento é claro ao afirmar que, quando, por alguma razão, não agimos com fé então tanto a nossa actividade espiritual como física param completamente. “E Jesus Cristo disse à mulher: - A tua fé te salvou . Vai em paz!”(Lc 7,50). “Então tocou-lhes nos olhos dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé. E os olhos abriram-se-lhes.” (Mt 9,29) “Se podes...? Tudo é possível a quem crê; disse-lhe Jesus Cristo.” (Mc 9,23) “Tudo quanto pedirdes com fé na oração, haveis de recebê-lo.” (Mt 21,22) Fé em Deus e em Jesus Cristo é simplesmente confiar em Deus, no Pai, em Jesus Cristo e no Espírito Santo de tal maneira que sejamos capazes de avançar na nossa caminhada para Jesus Cristo sem receio do desconhecido.
Catherine Marshall comunica-nos como a sua mãe a fez compreender a fé. (p.84/5) “Eu creio que Jesus Cristo e Seu Pai querem que vás para a Universidade porque Ele te deu a inteligência e tem todos os dons à Sua disposição. Acreditas nisto? Então toda a gente nasce com a fé em si. Muito do que nos acontece na vida depende do uso que fazemos da fé. Se a colocarmos em Jesus Cristo, então estás segura; se a colocamos na pobreza, no fracasso, no medo; então estamos a fazer mau uso dela. Agora lê Jo 5,14.15: “Mais tarde Jesus Cristo encontrou-o no templo e disse-lhe: Vê lá, ficaste curado. Não peques mais para que não te suceda coisa ainda pior. O homem foi-se embora e comunicou aos judeus que fora Jesus quem o tinha curado.” Jesus Cristo afirma-nos que sempre que Lhe pedirmos algo que é do Seu Querer, então Ele realiza o nosso pedido.”
O pedido concretizou-se e Catherine entrou para a universidade e concluiu o seu curso. A fé tem de estar presente antes do pedido. Jesus Cristo desafia-nos a colocar a nossa fé n’Ele e em Deus : “Saboreai e vede como o Senhor é bom. Feliz a pessoa que n’Ele se refugia.” (salmo 33,9)
A fé que Deus nos deu foi para ser usada, pois quanto mais usada, mais vitalidade e maturidade ganha. (p.91)

  1. não podemos confiar em Jesus Cristo sem termos algum conhecimento d’Ele. Para começar devemos ler a Sua Palavra e meditá-la. A Bíblia dá-nos a conhecer a natureza e o carácter de Jesus Cristo e de Seu Pai: o Seu poder, o Seu Amor misericordioso e fiel; a Sua sabedoria infinita.
  2. a fé ganha maturidade pelo bom uso que fazemos dela. Devemos usar a nossa fé para resolver os nossos problemas: pobreza, doenças, aflições, problemas profissionais, relações humanas problemáticas.
  3. a fé tem de ser do momento presente – agora. Uma vaga perspectiva do que queremos que nos venha a acontecer no futuro não é fé, mas esperança.
  4. usar de uma completa honestidade. Não podemos misturar fé com consciência pesada. A fé não actuará e o pedido não se concretizará.
  5. Só quando nos pomos nos braços de Jesus Cristo e temos boas obras feitas a nossa fé se fortalece e os nossos pedidos são atendidos. Sempre que Jesus Cristo ponha à prova a nossa fé nunca devemos duvidar de que Ele está connosco. Devemos deixá-l’O actuar e nós aguardar. Se, por nosso lado, também tentamos todos os meios para obter aquilo que pedimos a Jesus Cristo, então Ele abandona o nosso pedido. Ele leva o tempo que achar necessário. A nós só nos resta aguardar e demonstrar a nossa fé. S. Tiago afirma-nos: ”Assim também é a fé: se ela não tiver obras, é morta em si mesma.”(Tiago 2,17) e S. João acrescenta: “Quem crê no Filho tem em si mesmo o testemunho de Seu Pai. Quem não crê no Pai, faz de Jesus mentiroso...” (I Jo 5,10)

Peter Marshall, marido de Catherine Marshall, costumava dar o seguinte exemplo: (p.98)
“Suponha que uma criança parte um seu brinquedo. Ela traz o brinquedo ao pai dizendo que tentou, mas não conseguiu consertar. Ela pede ao pai para consertar o seu brinquedo. O pai com alegria concorda ... Pega no brinquedo ... e põe mãos à obra.
Claro que o pai consegue fazer o seu trabalho mais rapidamente e facilmente se a criança não interferir; mas ficar simplesmente a observar ou até ir fazer outra coisa e o pai ficar a consertar o brinquedo.
Mas o que fazem os cristãos em tal situação?
Geralmente damos imensos conselhos sem sentido e bastantes críticas estúpidas. Ficamos mesmo impacientes e tentamos ajudar e pôr assim as nossas mãos no trabalho de Jesus Cristo, geralmente atrapalhando ...
Por último, no nosso desespero somos até capazes de tirar o brinquedo das mãos do Pai dizendo amargamente que na verdade não acreditávamos que Ele o conseguisse consertar ... apenas Lhe demos uma oportunidade e Ele não foi capaz de responder às nossas expectativas!

Acreditar no quê?
Acreditar no Amor fiel e no bem-querer de Jesus Cristo e de Seu Pai, nas Suas capacidades para nos ajudarem, nos Seus desejos de nos ajudarem.

Qual é a solução de Jesus Cristo para o nosso dilema sobre o bem e o mal que existem em nós? Isto é, sobre a nossa necessidade de partilhar, de ser solidários, irmãos uns dos outros e ao mesmo tempo o desejo de sermos egoístas, ambiciosos, mimados, adulados? (p.189)
O evangelista S. Marcos diz-nos: “Na verdade quem quiser salvar a sua vida (do corpo material) há-de perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de Mim e do Evangelho, há-de salvá-la (pois ganhará a Vida).(Mc 8,35) Portanto o único caminho para alcançar a Vida com Afectos Bons é o sofrimento. Há três mundos diferentes donde podem vir os nossos seres: o mar, a terra e o céu (saímos do mar para a terra e da terra para o céu – o nosso espírito) e os três têm noite e dia e estão sujeitos ao mesmo Deus.
Se a ideia de Jesus Cristo e Seu Pai viverem em nós nos assusta, talvez seja porque receamos perder a autoridade que pensamos ter sobre nós para ficarmos completamente dependentes de Jesus Cristo e de Deus. Não precisamos de ter medo disso. Na verdade, é precisamente quando o egoísmo e a vontade individuais vão tomando conta da sociedade que nos tornamos cópias uns dos outros. Quando o adolescente está a marcar a sua identidade tem horror a ser diferente dos seus amigos. Quando os adultos não estão interessados em agradar a Deus, estão interessados em agradar uns aos outros. Quando temos poucos recursos interiores, colocamos máscaras para esconder a nossa pobreza e todas as máscaras parecem feitas na mesma fábrica: a pessoa-organização, o senso-comum, tudo apoiado pela massificação da publicidade levada a todo o lado pela massificação dos meios de comunicação.
Sempre que nós trocamos o nosso egoísmo e vontade individuais pelo querer de Jesus Cristo, encontramos em nós mais força, mais qualidade de vida; por estranho paradoxo, tornamo-nos mais indivíduos, com personalidades mais únicas que nunca pensámos ser possível. Isto acontece porque trocámos a máscara pelo verdadeiro ser. C. S. Lewis no seu livro Beyond Personality2 escreve: “ Jesus Cristo diz: - Entrega-te inteiro. Eu não quero o teu dinheiro ou o teu trabalho: quero-te a ti. Na verdade, Eu dar-Me-ei a ti; o Meu querer será o teu querer.”
A aventura de viver só começa quando formos capazes de basear a nossa vida na fé em Jesus Cristo e em Seu Pai e Lhes pedirmos – para nós, para as nossas famílias, para os nossos problemas de saúde, para a nossa vida pessoal e profissional, para a humanidade a Sua infinita capacidade de Amar. No fim, acontecerá passagem para o Universo de Deus, para o mundo do Senhor Jesus Cristo e não destruição. ☼♥
Lagos (S. Sebastião), 06 de Abril de 2001
Trabalho actualizado em Abril de 2004.
Trabalho actualizado em Julho de 2011.





  • Nova Bíblia dos capuchinhos – para o terceiro milénio da encarnação, Difusora Bíblica, 1ª edição, Fátima, Novembro de 1998.
  • Marshall Catherine, Beyond ourselves, Avon Books, 20th printing, USA, October 1971.
  • Lewis C. S., Beyond personality, The Macmillan Company, New York, 1947.
1 Ibidem p.191/2
2 C. S. Lewis, Beyond Personality, New York, The Macmillan Company, 1947, p.40

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