segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Senhor Jesus Cristo

2010 superou 2009, para mim e 2011 tem expectativas de superar 2010 o que me deixa muito feliz. Tenho praticamente publicado o meu primeiro livro – Século XV – Lagos Henriquina e pós-Henriquina que tenho divulgado em vários portais. Este livro tem preço de venda – 12€ e uma edição de 550 exemplares e é a chiadoeditora@gmail.com que devem contactar. Conto convosco para que esgote num instante. Modéstia aparte sei que é um trabalho excelente e com bastante nova informação que vai muito para além da história de Lagos, sendo Lagos apenas o átomo da vida nacional e internacional que perpassa anos quatrocentos até à revolução industrial que estabelece um novo patamar na história universal, no século XIX.
Partindo de LAGOS é um novo patamar que se escreve na história universal – os Descobrimentos e o início da era do comércio internacional – que vão modificar o mundo, mas foi em LAGOS que tudo começou!
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25 de Dezembro de 2006
Senhor Jesus Cristo,
Neste Natal elevo para ti o meu pensamento.
Sabes que sou Tua discípula: sou cristã, católica, ecuménica porque Tu nos ensinaste a ser assim.
Não me lembro de Te ter escrito uma carta a pedir-Te prendas quando era novinha, mas parece-me que nessa altura não se pediam prendas; aceitava-se aquelas que caíam no nosso sapatinho que ficava por baixo da chaminé na noite de Natal.
Felizmente na minha infância não havia o Pai Natal, mas sim o Menino Jesus que no Seu aniversário nos dava prendas. Lembro-me que alguma colega mais atrevida dizia à professora:
- Não é o Menino Jesus que nos dá prendas. É o nosso pai (a nossa mãe).
E a professora respondia:
- Mas é o Menino Jesus que dá saúde, paz, trabalho ao teu pai para ele te poder comprar as prendas.
E todas concordávamos. Nessa altura não havia turmas mistas, mas turmas de meninas numa escola e turmas de meninos noutra escola e as professoras eram principalmente professoras de meninas.
Muito me tens dado, Senhor Jesus Cristo, no dia de Natal e em todos os outros dias. Eu sou muito feliz porque sempre fui tua discípula e com o Teu auxílio e apoio quero continuar a sê-lo.
Quando ouço os outros Te considerarem profeta como eles têm, cada religião, o seu profeta, fico muito triste por eles; mas respeito a sua escolha. Nós também temos profetas; mais do que um que vão surgindo em épocas diferentes para actualizar a Igreja e ela ir permanecendo porque Tu estás com ela. Temos S. João Baptista, S. Paulo entre os primeiros. Mas Tu nunca foste um profeta; Tu sempre foste o Filho de Deus e o Filho do Homem; sempre o afirmaste assim como “Eu sou da Verdade e quem é da Verdade aceita o que EU digo”. Eu aceito!
Feliz aniversário, Senhor Jesus Cristo!
E Bom Natal!
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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

As Prendas para o Menino Jesus


Feliz Natal e ótima passagem de ano com muita saúde, alegria, amizade e solidariedade; que o novo ano vos traga a realização dos vossos desejos.


30 de Dezembro de 2009
Sobre As Prendas para o Menino Jesus
Jesus Cristo nasceu no ano do recenseamento romano na Palestina. Aproximava-se a data do recenseamento em Belém e era exigido a todos os cidadãos que se recenseassem no concelho onde tinham nascido. José pertencia à linha de David e tinha nascido em Belém. Maria estava prestes a dar à luz, mas o José não podia deixar de comparecer para se recensear em Belém e à sua família para bem de todos e havia datas a cumprir.
Quando chegaram a Belém, esta cidade-vila estava cheia de gente que, como o José, tinha nascido no concelho, mas morava longe. Todas as hospedarias estavam cheias e José não conseguiu lugar em nenhuma delas nem/ou por causa do bebé estar prestes a nascer.
Já nos limites de Belém e perante mais um “não”, José desesperou. Vendo o seu desespero, o dono da hospedaria cedeu-lhes a ramada. Não seria o lugar ideal para um bebé nascer, mas era melhor do que acontecer na rua sem nenhum resguardo. José agradeceu e lá se encaminhou com Maria e o seu burro, em cima do qual Maria fez o percurso de Nazaré a Belém.
José aconchegou umas palhas e Maria deitou-se tapada com as mantas que tinham trazido, enquanto o José saiu a buscar água e algum alimento para os dois. Quando regressou, tal não foi o seu espanto quando viu Maria com um menino ao colo embrulhado na sua roupinha trazida por Maria. Ele não queria acreditar, mas era verdade: Maria já tinha o seu bebé ali, à vista. Correu à hospedaria a pedir uma parteira que a examinasse para saber se estava tudo bem com ela e com o menino. Era noite, seria difícil! - disseram-lhe na hospedaria – Mas, pela manhã, ficasse descansado que teria uma mulher experiente para vê-la. Tinha a sua palavra. – disse-lhe o estalajadeiro.
Finalmente José dirigiu-se com calma para a ramada. A noite não estava fria, mas húmida e lá se deitou ao lado de Maria e do Menino para ficarem mais quentinhos.
Entretanto, uma luz brilhava no céu e não era uma estrela. Era completamente diferente delas. Vários astrólogos a viram e pensaram: É este o sinal pelo qual estávamos esperando. O Rei dos reis já nasceu. Onde terá acontecido? Quem será ele?
Os astrólogos daqueles tempos eram pessoas muito importantes e muito desejadas. Os reis só tomavam decisões, após ouvi-los. Na verdade, eram eles que governavam porque os reis só faziam o que os magos (assim se chamavam naquela época) lhes diziam e aconselhavam. Mesmo que desejassem muito fazer o contrário, não se atreveriam porque não queriam as consequências que o mago tinha avisado que aconteceriam, se o rei teimasse em fazer o que queria. Os magos viviam muito bem, eram muito respeitados e eram os cientistas da época.
Mais uma vez, os magos sabiam o que mais ninguém sabia: o Rei dos reis tinha nascido e só eles o sabiam. Aquela luz o testemunhava e aquela luz era Cristo. Mas Cristo não avisou apenas os magos. Aquela luz apareceu perto dos pastores com um anjo. Eram pastores que, de madrugada, tinham saído com os seus rebanhos para passarem o dia na serra. Disse-lhes o anjo:
- Esta noite, na cidade de David, nasceu-vos o Salvador que é o Messias, o Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.
De repente, os pastores que já estavam cheios de medo com a presença daquela luz e do anjo, ouviram uma multidão de vozes, sem verem ninguém, cantando:
- Glória a Deus nas alturas e paz na Terra a todos os de boa-vontade. (S. Lucas 2, 8-15)
Os pastores ficaram extasiados com aquela manifestação divina (teofania) e após, decidiram ir a Belém ver o que tinha acontecido e que o Senhor lhes dera a conhecer.
Entretanto, já era manhã cedo, Maria e José esperavam a parteira e decidiram pôr o Menino na manjedoura perto da vaca que estava na ramada e do seu burro e fizeram a sua higiene.
O estalajadeiro saudou-os e trouxe um jarro com o qual ordenhou a vaca e ofereceu o leite para o Menino beber e os pais também. Também lhes ofereceu pão e chouriço. A parteira entrou e ficou com Maria, enquanto José saiu com o estalajadeiro que se sentia uma pessoa muito feliz.
Chegaram os pastores e contaram ao estalajadeiro e a José o que lhes tinha acontecido. O estalajadeiro e José ficaram estupefactos. Sai a parteira e diz a José: - A sua mulher está bem e o Menino também. Ela é uma santa. Cuide bem dela!
Quanto lhe devo? - pergunta-lhe José e ela diz: - Nada! Nada! E sai, benzendo-se muitas vezes. José entra na ramada, preocupado. O que se passa, Maria?
Está tudo bem! - diz-lhe ela.
Podemos entrar? Queremos ver o Menino. É o Messias! - dizem os pastores. Entrem! Entrem! - disse-lhes José. Eles ajoelharam-se em frente do Menino e as ovelhinhas circundaram-nos balindo, contentes. Os pastores ofereceram os queijos que tinham, pão e leite.
Chegaram mulheres com fruta e uma sopa quente para eles e para verem o Menino e assim foi toda a manhã.
Depois chegaram familiares de José que acorreram para conhecer o Menino, não sabendo que lá estava José. Reconheceram-se e ficaram muito contentes. Levaram José, Maria e o Menino para sua casa. José agradeceu, comovido.
Manhã cedo da noite em que nasceu, já Jesus Cristo estava a receber prendas; bem simples, é verdade; mas prendas com o coração.♥
ramada = abrigo feito nos campos para recolha de gado.
ordenhar = espremer as tetas de um animal-fêmea para lhe extrair o leite.❐
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domingo, 12 de dezembro de 2010

Dia de Todos-os-Santos

Aproxima-se o dia 01 de Novembro. Temos a graça de ser feriado e ser o dia dedicado a Todos-os-Santos.
Pela minha ocupação tenho-me apercebido de que já há vários anos nas escolas, pelo menos públicas, a maior parte deste primeiro trimestre é dedicado a preparar os alunos para celebrarem este dia, não como Dia de Todos-os-Santos, mas como Dia das Bruxas. Todos os anos, eu pasmo; desta vez decidi passar para o papel esta angústia; pois é de angústia que se trata. Então, os professores, funcionários públicos, pagos por todo o povo português, num país cristão, recusam-se a falar dos Santos, e das celebrações deste dia que oficialmente é feriado e dedicado a Todos-os-Santos, para falarem das Bruxas e dos seus afins, de magia negra e prepararem os seus alunos com artefactos para celebrarem assim este dia; de algo que faz parte da cultura anglo-saxónica e não da nossa. Todos os pais têm de saber disto; é impossível que tanto afazer não chegue ao conhecimento dos pais e eles “engolem e calam”; pois é algo, com certeza essencial na educação dos seus filhos. Ah! Ah! Ah! E todos andam a pagar impostos para isto!
Portugal, por onde andas? Para onde queres ir? Não te reconheço!❐
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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Tradições - II

27 de Dezembro de 2009
Tradições - II
Este Natal tenho-me lembrado muito dos Natais da minha infância. Tenho-me recordado de como me metia na cama no maior silêncio e de como praticamente quase não respirava para não perturbar Jesus Cristo.
Queria muito que Ele viesse à minha casa. Havia uma mistura de sentimentos: era um afecto muito grande que sentia por Ele e se Ele viesse à minha casa e, se ainda por cima, me desse prendas era a realização plena; talvez um sentimento inconsciente de ser correspondida no meu afecto de criança por Ele. Era a prova de que Ele também gostava de mim e isso numa criança é importantíssimo. Assim à distância, parece-me um sentimento que se assemelhava a termos alguém que gosta de nós, nos visita e nos dá prendas; acho que é um afecto de criança correspondido. Por nada eu queria perturbar ou desrespeitar Jesus.
E ficava quietinha, metida entre os lençóis e as mantas na expectativa da chegada de Jesus com as prendas. Acho que seria capaz de escutar alguma mosca tal era o silêncio que fazia para estar alerta e não perturbá-l'O. A noite de 24 para 25 de Dezembro era longa e tardava tanto amanhecer ...
Ter prendas no sapatinho era uma grande alegria! Nos anos 1960, as prendas tinham muito mais valor porque eram raras e sempre muito esperadas. Com a Graça de Deus, sempre tive prendas no meu sapatinho e assim sempre me senti muito amada por Jesus.
Muito bom ano de 2010; que seja melhor do que o de 2009. Também para mim.❐
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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Calendário lunar/solar

13 de Janeiro de 2006
Hoje apercebi-me de mais uma marca de identificação de Jesus Cristo; não é que seja uma novidade, só que eu ainda não me tinha apercebido dela.
Jesus Cristo era, cá na Terra, filho de judeus praticantes e Ele próprio, toda a sua vida cá na Terra foi judeu praticante e a religião judaica regula-se pelo calendário lunar. Jesus Cristo, ao passar para os céus, instaurou novos tempos e o Cristianismo adoptou o calendário solar.
Sabemos que a Lua tem a ver com o sofrimento, a angústia, o anulamento e Jesus Cristo veio trazer aos seus e a todo o mundo o Dia que nos dá Vida, Saúde, alegria, afirmação, bem-estar, bem-querer e bem-fazer.
Como a sabedoria popular nos ensina: depois da noite vem o dia querendo dizer que a esperança não pode morrer porque o tempo de sofrimento tem sempre um fim e a seguir virá a saúde, a alegria, a felicidade. Assim é Jesus Cristo para todos nós. Y

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Criação e/ou Evolução?

14 de Setembro de 2006
Actualmente está na ordem do dia as teorias da Criação e da Evolução e, na minha condição de leiga, parece-me que os defensores de ambas continuam a partir de premissas erradas.
A teoria da Criação afirma: (...) e Deus ao sétimo dia descansou. Ponto final. E aqui é que está o problema porque Deus descansou ao sétimo dia, mas depois houve o oitavo, o nono, o décimo, ...
A obra da Criação de Deus e do Pai é ad eternum como Eles são Eternos e a evolução de tudo o que existe também é ad eternum porque Deus é Eterno e só existe evolução porque há criação. Se Deus decidisse fazer greve e parasse de criar também não haveria mais evolução; evolução de quê afinal?
O que vemos é tão só imagem do que realmente somos. Se não existir o real, o aparente com certeza que não existe. E do real só ficarão os santos, os não-viciados. Todos sabem isto; é do Antigo Testamento e também do Novo Testamento. Ficam os Vivos do universo dos Vivos, isto é, os verdadeiros – desde os mais primitivos aos mais evoluídos cada qual nos seus mundos. Assim é! ❐

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Só Amor-Comunhão fica

10 de Março de 2009
“A Fé e a Esperança passarão, só o amor-comunhão fica.” de S. Paulo
Esta frase de S. Paulo tem, na minha opinião, um significado diferente daquele que os teólogos lhe estão a dar. Eles entendem o sentido desta frase como se este facto acontecesse neste tempo terrestre. Haveria um tempo para nós, seres materiais terrestres, que perderíamos a esperança e a fé e só nos restaria o amor-comunhão.
Na minha opinião de leiga, o sentido desta frase é outro completamente diferente, pois cada vez é maior o número de pessoas com fé e esperança, que são coexistentes; não por obra nossa, mas sim por obra d'Aqueles que nunca nos desiludem.
Acredito que o que S. Paulo nos quis transmitir foi que a Fé, a Esperança e o Amor-Comunhão são coexistentes enquanto estivermos neste céu e nesta Terra. Quando passarem este céu e esta Terra, ficará apenas o Amor-Comunhão, como é natural. Também para aqueles e aquelas cujo corpo natural já morreu e subiram para o céu, isso já aconteceu. Já não têm a Fé e a Esperança porque já não precisam desses dons, mas mantêm o Amor-Comunhão porque esse dom é a ligação que nos envolve a Deus, ao Pai, à Família Celeste. Acho que assim é que é!❐

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Paulo Coelho e o Mestre

= AS MINHAS LEITURAS =
DIÁLOGOS COM O MESTRE de Crónicas de Paulo Coelho
(na revista Viva+, nº37,24-11-2006)
PC – Muitas vezes me sinto ignorado por Deus, embora saiba que O tenho ao meu lado. Por que é tão difícil estabelecer um diálogo com Deus?
M – Por um lado sabemos que é importante buscar Deus. Por outro lado, a vida quotidiana distancia-nos de Deus porque estamos ocupados com o nosso quotidiano. Isto dá-nos um sentimento de culpa muito grande; ou achamos que estamos renunciando demasiadamente à vida por causa de Deus ou achamos que estamos renunciando demasiadamente a Deus por causa da vida. Esta aparente lei dupla é uma fantasia: Deus está na vida e a Vida está em Deus. Se conseguirmos penetrar na harmonia sagrada do nosso quotidiano, estaremos sempre no caminho certo porque as nossas tarefas diárias são também as nossas tarefas divinas.
PC – Mas que tipo de prática posso usar de modo que possa acreditar realmente no que me está dizendo?
M – Quando começamos o nosso caminho espiritual, queremos falar muito com Deus e acabamos por não escutar o que Ele tem para nos dizer. Por isso é aconselhável descontrair-se um pouco. Não é fácil; temos a tendência natural de sempre fazer a coisa certa e achamos que vamos conseguir melhorar o nosso espírito, se trabalharmos sem cessar.
PC – Está a dizer-me que devo ser passivo e não me tentar melhorar a mim mesmo?
M – Depende de como você vê o seu trabalho. Podemos achar que tudo o que a vida nos oferece amanhã é repetir o que fizemos hoje e ontem. Mas, se prestarmos atenção, vamos reparar que nenhum dia é igual ao outro. Cada manhã traz uma bênção escondida; uma bênção que só serve para este dia e que não pode ser guardada ou reaproveitada. Se não usarmos este milagre hoje, ele se perderá.
PC – Mas não existe uma maneira segura de estabelecer este diálogo com Deus, como a meditação, por exemplo? Ou com o esforço de tentar melhorar a mim mesmo todos os dias?
M – A sua pergunta mostra um homem comprometido com uma ideia e basta manter este ponto de interrogação sempre presente que tudo se irá encaixar. As condições ideais que você busca não existem. Certos defeitos jamais conseguirão ser eliminados. O segredo consiste em saber que, apesar de todos os seus defeitos, você tem uma razão para estar cá e precisa honrá-la. Procure ir além dos limites aos quais está acostumado. Seja, durante dez minutos por dia, aquela pessoa que sempre desejou ser. Se o problema é inibição, force a conversa. Se o problema é a culpa, sinta-se aprovado. Se acha que o mundo o ignora, procure conscientemente atrair todos os olhares. Vai passar por uma ou outra situação difícil, mas vale a pena. Quem consegue ser o que sonhou durante dez minutos por dia, já está fazendo um grande progresso. ❐
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JESUS CRISTO

= AS MINHAS LEITURAS =
O Cristianismo é uma Pessoa: JESUS CRISTO
Jesus Cristo é o coração, o cume, a síntese do anúncio evangélico; nunca podemos esquecer isto. O Cristianismo em si não é uma concepção da realidade, não é um conjunto de preceitos, não é uma liturgia. Não é sequer um arrebatamento de solidariedade humana nem uma proposta de fraternidade social. Mais, o Cristianismo nem sequer é uma religião. É um acontecimento, um facto. Um facto que se concretiza numa pessoa.
Actualmente ouve-se dizer que, no fundo, todas as religiões são equivalentes, pois todas têm algo de bom. Provavelmente até é verdade. Mas o Cristianismo pouco tem a ver com isto porque o Cristianismo não é uma religião, é Jesus Cristo; ou seja, uma Pessoa.
O retrato-robot de JESUS CRISTO
Eu apostei n’Ele a minha vida, a única vida que tenho e, por isso, de vez em quando tenho necessidade de contemplar o mistério, de relembrar o retrato-robot de Jesus Cristo.
Ouvimos falar muitas vezes de Jesus Cristo. De quando em vez nos jornais alguém faz um artigo sobre Ele; de quando em vez inventam-se e dão-se interpretações sobre quem Ele é, mas os únicos textos que nos falam de Jesus Cristo são os Evangelhos. Por isso ou se respeitam os Evangelhos ou se renuncia a falar d’Ele. Portanto, não vou dizer nem sequer uma palavra que não seja documentável; ao contrário de quem inventa livros, filmes e palavras.
Que tipo de Pessoa era?
Uma pergunta, a mais simples: Quem era esse Jesus Cristo? Que tipo de Homem era? Sobre isto o Evangelho não avança muito e devo dizer que isso me irrita um pouco porque n’Ele apostei a minha vida e nem sequer sei muito.
Era um homem bonito. Há um episódio no capítulo 11 do Evangelho de S. Lucas em que Jesus Cristo está a falar à multidão. De repente, uma mulher, soltando um grito de entusiasmo, diz: “Felizes as entranhas que Te trouxeram e os seios que Te amamentaram!”. É o primeiro elogio a Jesus Cristo. E é feito em termos muito ... corporais. Tanto assim é que, depois, Jesus censura-a por descurar a Palavra de Deus e se fixar na Sua beleza, dizendo-lhe: ”Felizes os que escutam a Palavra de Deus.” Mas nós agradecemos a essa mulher desconhecida que tornou possível responder à pergunta anterior: Jesus Cristo era realmente um bonito homem.
Os Seus olhos
E tinha dois esplêndidos olhos. O olhar de Jesus Cristo tocava quem o encontrava. Os Evangelhos, sobretudo o de S. Marcos, falam muitas vezes do seu olhar: um olhar penetrante sobre Simão Pedro que Lhe é apresentado pelo irmão; um olhar afectuoso sobre o jovem rico, aquele que depois se afasta por Ele lhe ter dito que ”deixasse tudo e O seguisse”; um olhar de simpatia sobre Zaqueu, o chefe dos publicanos, os cobradores de impostos que roubavam, que O olhava empoleirado na árvore. E ainda um olhar de tristeza sobre a oferta dos ricos, de indignação sobre o que se passava no templo, de dor por quem O vai trair ...
Numa palavra: o Seu olhar era um olhar que falava ...
Tinha ideias claras
Um olhar que dava a entender como Jesus Cristo tinha ideias claras; muito claras. Quando falava, nunca dizia: talvez, em minha opinião, parece-me. Não tinha papas na língua, nem sequer diante dos poderosos. Lembram-se de Ele chamar raposa ao rei Herodes?
Homem livre
Mas uma das coisas mais belas de Jesus Cristo é que Ele era um Homem livre; mesmo em relação aos amigos. Quando S. Pedro faz a sua profissão de fé (de vez em quando até S. Pedro acertava uma ...), Jesus Cristo faz-lhe um elogio como nunca ninguém fez a um homem, tanto que S. Pedro provavelmente se envaidece, começando a pensar em grande. Mas quando Jesus lhe anuncia que o seu destino é ser condenado à morte e S. Pedro, que já se sente primeiro-ministro do reino de Deus e toma Jesus pelo braço e O censura, Jesus nem sequer olha para ele e trata-o muito duramente: “Afasta-te de Mim, Satanás, os teus pensamentos não são os de DEUS, mas os dos homens”. Nada mal para um amigo, não acham?
Ainda mais livre em relação aos familiares
Em relação aos familiares, por vezes, ainda era pior. Quando Jesus Cristo deixou a Sua casa, aos trinta anos, consideram-n’O louco. É o que diz o Evangelho de S. Marcos, capítulo 3: ”Saíram (os Seus familiares) a ter mão n’Ele, pois dizia-se: “Está fora de Si”.”
Depois, quando as pessoas começam a segui-l’O, os familiares procuram aproximar-se d’Ele por perceberem que, de alguma maneira, está a ganhar poder. É então que chamam Maria para procurar convencer Jesus a voltar para casa. E Ele? Logo entende tudo e aparenta não reconhecer nem sequer Sua Mãe.
Jesus Cristo amava
Não pensem, porém, que era um homem demasiado duro. Jesus amava. Muito. Sobretudo as crianças. Sabia compreendê-las, qualidade que em nós, os adultos, raramente temos; em geral, quando falamos com elas, só sabemos perguntar quantos anos têm, em que ano andam na escola ... O que não lhes interessa nada. Ele, pelo contrário, diz: “Deixai vir a Mim as criancinhas.”
Depois, os amigos. Jesus Cristo tinha um forte sentido da amizade. Por exemplo, era verdadeiramente amigo dos seus discípulos e entre eles, particularmente ligado a Pedro, a João e a Tiago e, mais uma vez, de entre estes, João era especialmente amigo. Em suma, também Ele tinha preferências entre os Seus amigos. O que é natural; os amigos não são todos iguais.
Depois, Jesus Cristo amava o Seu povo. Sentia-Se plenamente hebreu, israelita. Tanto assim que pensar na destruição de Jerusalém O fez chorar.
A Sua atenção aos pormenores
Mas há ainda uma outra coisa na personalidade de Jesus Cristo que sempre me tocou: a Sua atenção aos pormenores. Jesus Cristo era muito atento às pequenas coisas da vida até porque delas Ele sabia fazer parábolas. Pensemos naquela em que o reino de Deus é semelhante ao fermento que uma mulher toma e mistura na farinha até que tudo esteja fermentado. Ou na parábola do amigo inoportuno que tem de ser atendido para o outro se poder livrar dele. Como isto é verdade!
Lembram-me os nove anos em que fui pároco de Leggano: havia uma senhora que todos os dias vinha ter comigo, queixando-se do marido. Mas que podia eu fazer? Não ia matá-lo!
Um episódio: a pecadora arrependida
E havia tantos outros episódios a recordar. No capítulo 7 de S. Lucas conta-se que Jesus Cristo está a almoçar em casa de um fariseu. A certa altura entra uma daquelas mulheres a quem não se sabe propriamente como chamar ... digamos: uma pecadora ... Essa mulher coloca-se junto d’Ele e começa a fazer-Lhe elogios, perfuma-O. Era um espectáculo muito embaraçoso como se fosse um almoço paroquial em que o pároco da terra tivesse convidado o presidente da Câmara e o comandante da polícia e entrasse uma dessas tais mulheres e se pusesse a elogiá-lo. No entanto, Jesus Cristo não se perturba. Pelo contrário, defende-a quase com cavalheirismo.
Uma figura humana excepcional: só isso?
Pelo Evangelho, reconhecemos n’Ele uma figura excepcional. A ponto de Pilatos, ao apresentá-l’O ao povo, dizer: “Eis o Homem”.
Eu, porém, digo: eis o nó da questão. Jesus Cristo era simplesmente um homem? Porque mesmo a maior parte das pessoas que não crêem n’Ele, consideram-n’O um grande homem, um homem admirável. Mas é uma posição insustentável, se considerarmos o que Jesus Cristo disse de Si próprio. Exemplos? Define-Se como “Filho do Homem” que era um título usado nas profecias de Daniel para indicar uma personagem misteriosa que teria vindo do céu e que poria fim à história. E com este título Jesus evoca a Sua origem celeste e o seu carácter definitivo. Depois, diz ser “maior que David”. Para os judeus, David era o rei ideal, o ideal da monarquia e da realeza.
É mais do que um homem
Mas talvez a coisa mais séria seja o que Ele afirma no Sermão da Montanha: “Felizes os pobres ... e assim por diante, lembram-se? Bom, Ele começa o sermão dizendo: “Ouvistes que foi dito aos antigos «Não matarás.» Eu, porém digo-vos, ...” Reparem bem, com esta frase Jesus Cristo quase corrige a Revelação de Deus. Ou seja, reivindica para Si até o poder de julgar o homem. E quem o pode fazer senão alguém que se considera Deus?
E as outras coisas que recomenda? “Quem der a vida por Mim, conservá-la-á.” Ora, dar a vida por alguém não é brincadeira nenhuma. Uma vez, por ocasião de uma visita pastoral, uma criança perguntou-me: «Estaria disposto a dar a vida pelo Senhor?». Pensei e respondi: «Olha, eu até estaria disposto a dar a vida pelo Senhor. Mas custa-me muito.» Era uma tentativa de juntar o dever com a sinceridade.
E ainda: “Dá de comer ao teu irmão porque nele é a Mim que vês.” Se um partidário histórico do revolucionário Mazzini dissesse: «Ajudai os camaradas, neles vereis Giuseppe Mazzini», diria uma coisa que não comoveria ninguém porque um pobre homem vivo é muito mais importante do que Mazzini morto. Mas ... e Jesus? Jesus Cristo recompensa com a Vida Eterna.
Também S. Marcos o diz quando escreve no seu Evangelho de maneira um tanto humorística: “Quem tiver deixado casa, mãe, pai ou campos por Minha causa, receberá cem vezes mais, agora, juntamente com perseguições e no tempo futuro a vida eterna.” É como dizer: primeiro, tareia; depois, o Paraíso.
Jesus Cristo é Deus
Porque a verdade é que Jesus terá sido um grande Homem, um homem excepcional. Mas, sobretudo, Ele é Deus. É verdadeiramente Deus. É o Filho de Deus. Não como somos todos nós, como são todas as criaturas, como são os passarinhos (também eles são filhos de Deus); Ele é o Filho propriamente dito, o Unigénito.
Uma parábola inverosímil
Nos últimos dias da Sua vida, Jesus Cristo conta uma parábola, uma das mais inverosímeis na sua estrutura literária (o que interessa a Jesus não é contar um conto realista, mas transmitir uma mensagem); é a parábola dos vinhateiros infiéis e homicidas, que ocupavam a vinha do proprietário sem lhe dar conta de nada em troca. Então, o proprietário manda alguns criados para receberem a renda. Os vinhateiros espancaram-nos. O proprietário manda outros, mas os vinhateiros matam-nos. Até aqui, em minha opinião, trata-se de uma história um tanto exagerada como podiam pensar em matar assim as pessoas e escaparem sem problemas? Mas nesta altura a parábola torna-se uma coisa absolutamente de loucos. O proprietário diz: «Tenho um filho único; vou mandá-lo porque a ele hão-de respeitar.» Mas qual é o pai que, sabendo ter bandidos em casa, arrisca o seu único filho? E com efeito, os vinhateiros decidem matá-lo também de modo a herdarem o património do proprietário. (Gostava de saber em que código está escrito que a herança passa para os assassinos do único herdeiro!) Em suma, a parábola é de todo disparatada e, no entanto, realizou-se literalmente. Jesus foi morto fora da vinha, fora dos muros de Jerusalém; e foi o Pai que O enviou.
Diante d’Ele só resta cair de joelhos
Juntemos todos estes dados. Daqui resulta o retrato de um homem excepcional que diz ser Deus. Uma provocação! Mas há que aceitar essa provocação. Porque, se alguém se apresenta deste modo, se afirma ser Deus, pouco há a fazer: ou a pessoa é louca e então não se pode admirá-la ou então é verdade o que diz e nessa altura devemos ajoelhar-nos. Não basta dizer apenas é um grande homem.
O anúncio dos apóstolos e o nosso anúncio:
Jesus Cristo ressuscitou! Jesus Cristo está vivo!
E, de facto, que disseram d’Ele os apóstolos? Qual é o núcleo da mensagem cristã? Apenas uma palavra: ressuscitou. Ressuscitou dos mortos. Os apóstolos andaram de um lado para o outro a dizer que Jesus Cristo tinha ressuscitado e que estava vivo. Sim, vivo, ainda hoje!
Quando eu era professor em Milão, no Instituto de Pastoral, dei uma aula sobre a ressurreição de Jesus Cristo. Terminada a aula, uma senhora aproximou-se e perguntou-me: «Mas quer mesmo dizer que Jesus Cristo está vivo?»; «Sim, minha senhora, que o seu coração bate como o seu e o meu.» «Então tenho de ir para casa dizer isso ao meu marido.» «Muito bem, minha senhora, tente dizer isso ao seu marido.» No dia seguinte, a senhora voltou a vir ter comigo e disse: «Sabe, disse aquilo ao meu marido.» «E ele?» «Respondeu-me: Deves ter percebido mal.» Reparem que aquela senhora era catequista. No entanto, estava desconcertada. Eu dei-lhe a gravação da aula. Ela deu–a a ouvir ao marido.
Se é assim, muda tudo
E, por fim, ele cedeu. «Mas se é assim, muda tudo.»
Pensem nisto e digam-me se não é verdade; se aquele homem belo, bom, excepcional, é de facto Deus e se ainda está vivo entre nós; então realmente tudo muda.
Texto escrito pelo
Card. Giacomo Biffi
Arcebispo de Bolonha
In Settimana nº28-29; 1996.
Publicado pelo
Centro de Estudos Pastorais do Patriarcado de Lisboa
Ano de 1996-7.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O discípulo em busca da paz

= AS MINHAS LEITURAS =
Li há uns anos no livro Contos, Fábulas e Parábolas de J. H. De Oliveira, edição do Seminário do Coração de Maria, Carvalhos – V. N. de Gaia, 1993 e vendido pelas Paulinas Multimédia.
Trata-se d’O discípulo em busca de paz
Se queres a paz, começa por pacificar-te.
A paz nasce de dentro; é fruto da conversão.
O discípulo estava desesperado porque não conseguia a paz. Vivia amargurado e queixando-se dos outros. Foi ter com o mestre que lhe disse: - Se queres a paz, começa tu por mudares, por evitar as pequenas e grandes guerras, sem esperar a mudança dos outros.
É mais fácil calçar uns sapatos do que estar a cortar todos os espinhos do caminho ...
Assim é!❐
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terça-feira, 26 de outubro de 2010

Oração pela Paz

= AS MINHAS LEITURAS =
ORAÇÃO PELA PAZ
de S. Francisco de Assis
Senhor, fazei de mim um instrumento da Vossa Paz!
Onde houver ódio que eu semeie amor;
onde houver ofensas que eu semeie perdão;
onde houver discórdia que eu semeie a união;
onde houver erro que eu semeie a verdade;
onde houver dúvida que eu semeie a fé;
onde houver desespero que eu semeie a esperança;
onde houver trevas que eu semeie a luz;
onde houver tristeza que eu semeie alegria.
Fazei que eu não procure tanto ser consolado, mas consolar;
ser compreendido, mas compreender;
ser amado, mas amar
PORQUE
é dando que se recebe;
é esquecendo-nos de nós próprios que nos encontramos;
é perdoando que se ganha o perdão;
é morrendo que se ressuscita para a vida eterna.
Amen.❐
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terça-feira, 19 de outubro de 2010

O Cântaro com Fendas

O cântaro com fendas de Paulo Coelho in revista LUX, nº476 de 15 de Junho de 2009, editora Media Capital Edições, Queluz-de-Baixo, p.37.
Todos nós, em algum momento, envelhecemos e passamos a ter outras qualidades. É sempre possível aproveitar cada uma destas novas qualidades para obter um bom resultado.
Conta uma lenda indiana que um homem transportava água todos os dias para a sua aldeia usando dois grandes vasos que prendia nas extremidades de um pedaço de madeira e colocava atravessado nas costas.
Um dos vasos era mais velho do que o outro e tinha algumas fendas. De cada vez que o homem percorria o caminho até à sua casa, metade da água perdia-se.
Durante dois anos, o homem fez o mesmo percurso. O vaso mais novo estava sempre muito orgulhoso do seu desempenho e tinha a certeza de que estava à altura da missão para a qual tinha sido criado, enquanto que o outro vaso morria de vergonha por cumprir apenas metade da sua tarefa, mesmo sabendo que aquelas fendas eram fruto de muito tempo de trabalho.
Estava tão envergonhado que um dia, enquanto o homem se preparava para tirar água do poço, decidiu falar com ele:
Quero pedir-lhe desculpas, já que, devido ao meu tempo de uso, só consegue entregar metade da minha carga e saciar metade da sede que o espera em sua casa.
O homem sorriu e disse-lhe:
Quando voltarmos, por favor, olhe cuidadosamente para o caminho.
Assim foi e o vaso notou que, do seu lado, cresciam muitas flores e plantas.
Vê como a natureza é mais bela do seu lado? - comentou o homem – Sempre soube que você tinha fendas e resolvi aproveitar-me deste facto. Semeei hortaliças, flores e legumes e você tem-nas regado sempre. Já recolhi muitas rosas para decorar a minha casa, alimentei os meus filhos com alfaces, couves e cebolas. Se não fosse como é, como poderia ter feito isso? Todos nós, em algum momento, envelhecemos e passamos a ter outras qualidades. É sempre possível aproveitar cada uma destas novas qualidades para obter um bom resultado.❐